MONTE SUA BANQUINHA: um guia para pirataria e autogestão

Fim de ano é, tradicionalmente, a época das Feiras do Livro Anarquista em diversos lugares do Brasil e do mundo. Editoras, coletivos e movimentos se organizam para expor e fazer circular as publicações produzidas ao longo do ano em eventos que reúnem pessoas de diversos lugares para debater, estreitar laços e trocar experiências. Mas, para além das grandes feiras e encontros, é importante sempre poder compartilhar conhecimento, história, notícias e teorias revolucionárias da forma mais ampla e acessível. Seja fisicamente com livros, jornais, zines e panfletos, ou digitalmente para que qualquer pessoa possa ler, compartilhar e reproduzir instantaneamente um conteúdo sem qualquer custo. Para ajudar quem quer distribuir materiais de uma forma estratégica bolamos esse pequeno guia.

Nosso coletivo editorial se espalha e se conecta em rede pelo continente e pelo mundo com a proposta de fazer circular obras impressas, mas também uma versão digital, para que todas possam ler e imprimir em casa, na escola, faculdade ou no trabalho quando o chefe não está vendo.

Dinheiro não será o problema

Dinheiro não deve ser uma barreira para o acesso ao conhecimento. Portanto, se alguém não pode pagar por um livro ou qualquer publicação, tiramos dela capítulos ou reproduzimos obras inteiras e disponibilizamos aqui para que qualquer pessoa possa ler e copiar. Buscamos trabalhar, criar conteúdo e peças gráficas com pessoas que compartilhem dos mesmos princípios de livre acesso para que tudo o que escrevemos, traduzimos ou editamos esteja sempre livre de direitos autorais nem fique presa em uma loja que só se abre se você tiver dinheiro no bolso. No entanto, montamos banquinhas, lojas online e participamos de feiras onde vendemos nossos materiais. E sabemos que muitas pessoas fazem o mesmo com materiais que disponibilizamos. Encaramos isso como uma vaquinha, onde quem pode pagar para apoiar doando ou comprando materiais, custeia a impressão e a circulação de nossas publicações. E quem não pode pagar, tem a chance de pegar cópias gratuitas ou livre acesso do pdf de qualquer publicação que desejar.

A revolução não será fotocopiada!

Como impulsionar sua distribuidora ou outros projetos:

Distribuir zines e livros revolucionários não é e nem será uma atividade que fazemos buscando apenas um lucro pessoal. Mas é possível que isso seja sustentável e nos permita aprimorar nossos projetos editoriais ou mesmo realizar outros projetos totalmente novos. Por isso encorajamos as pessoas a se apropriarem de todo material digital ou de qualquer cópia impressa que tenha parado em suas mãos: COPIE, REPRODUZA, DIFUNDA!

1. Separe um dinheiro. Não precisa ser muito: com 10 ou 20 reais você consegue montar uma banquinha interessante e atraente.

2. Encontre a copiadora mais barata da cidade, copie o máximo possível de zines, livros e revistas e monte uma banquinha em uma feira, centros sociais, em eventos, sindicatos ou escolas. Não tenha receio de pechinchar, pedir desconto conforme a quantidade de cópias aumentar. Não precisamos explorar quem trabalha fazendo cópias, mas também não precisamos aceitar preços superfaturados.

3. Faça as contas de quanto custou cada publicação. Será o valor da cópia multiplicado pelo numero de páginas. Cada folha A4 tem dois lados a serem copiados! Então calcule o valor de cada publicação individualmente.
Se fizermos um zine de 20 páginas, ele será composto por 5 folhas, e cada folha tem 2 lados. Sendo assim, 10 cópias. Se a cópia custar 0,10 centavos, o custo por cada zine de 20 páginas será de 1,00 real.

4. Quanto cobrar? O que fazemos é normalmente vender um zine pelo dobro do seu preço de custo. Se cada zine custa 1 real, podemos vendê-lo por 2 reais. Assim, o dinheiro que foi investido pode retornar para sua fonte de origem, seja um caixa pessoal, seja empréstimo de um coletivo ou qualquer outro lugar.

5. Reserve o lucro. O dinheiro do lucro, pode ser separado para virar um caixinha ou fundo de reserva sempre que for necessário fazer mais cópias. Ou se a sua ideia não é ter sempre uma banquinha, mas financiar uma outra causa, use os materiais que você reproduziu para vender, tire o preço do custo para retornar a sua origem e use o excedente para alguma outra campanha ou projeto (um protesto, uma obra em uma ocupação, fazer mais cópias, financiar uma publicação, etc.). Nesse caso, planejar com antecedência e participar de feiras ou eventos maiores costuma ter mais retorno. Se for do interesse das pessoas envolvidas e não comprometer sua segurança, deixe claro que o dinheiro das vendas e das doações será revertido para a causa que vocês querem apoiar.

6. Tenha uma caixinha para receber doações. Mesmo que normalmente estejamos em meio a pessoas que, como nós, tem empregos péssimos – ou nenhum emprego –, há sempre uma ou mais pessoas dispostas a ajudar um pouco mais iniciativas relevantes. Então, tenha um espaço e deixe claro que sua banquinha aceita doação para continuar fazendo um bom trabalho.

7. Tenha materiais gratuitos à disposição. Muitas pessoas serão céticas a princípio e não vão querer dar dinheiro para apoiar projetos que ainda não conhecem. E sempre encontramos pessoas que querem comprar materiais informativos e revolucionários, mas não estão com um tostão no bolso. Para ambos os casos é importante ter panfletos e folhetos gratuitos disponíveis para que as pessoas saibam do seu projeto, dos seus princípios ou do assunto que estão tratando na banquinha, como anarquismo, feminismo, antifascismo, libertação animal e todas as causas possíveis.
Faça a contabilidade incluindo os custos de materiais que serão dados de graça. Sejam panfletos que serão sempre gratuitos, ou mesmo publicações maiores como livros ou zines que devem ir para as mãos de pessoas ou grupos que precisam de materiais e não podem pagar por eles no momento.

8. Se organize, planeje, construa com mais pessoas e grupos estimulando solidariedade e apoio mútuo. Uma banquinha, uma loja ou uma distribuidora de materiais subversivos não deve ser um fim em si mesmo, do contrário, é só mais uma pequena empresa individual. Conecte seu projeto a iniciativas revolucionárias maiores e mais amplas. Promova debates, busque aplicar as ideias e os conhecimentos que estão difundindo, leve seus materiais para protestos, ocupações, centros sociais e onde mais estiverem pessoas lutando por transformação social.

Esperamos que essas dicas sejam úteis e vocês possam distribuir os nossos materiais e o de outros coletivos. Tanto para que a informação continue a circular sem nós e que vocês possam impulsionar novos projetos e movimentos revolucionários.

Nos vemos nas ruas!


Acervos digitais para baixar e imprimir:

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