Anarquia e Luta Conjunta na Palestina e em Israel – por Uri Gordon

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O presente texto foi lançado em 2007 como um capítulo do livro “Anarquia Viva!”, escrito pelo anarquista israelense Uri Gordon. O capítulo mobiliza análises sobre as lutas e perspectivas anarquistas na faixa palestina ocupada militarmente pelo Estado de Israel. Achamos oportuno fazer circula-lo em formato zine/brochura agora que o genocídio palestino perpetrado por Israel atinge uma nova etapa, já considerada a mais letal da história desse conflito. Também porque, como se observa há mais de 75 anos, as tecnologias coloniais de ocupação militar e controles ambientais usadas pelo Estado de Israel dá o tom de como diversos grupos armados estatais atuam na contenção e extermínio de grupos resistentes.

No dia 7 de outubro de 2023, o braço aramado do grupo palestino Hamas lançou um ataque surpresa no território reivindicado por Israel. Ao menos 1.400 pessoas foram mortas, a maioria civis e outras centenas foram feitas de reféns. Ação que expôs o óbvio da atual utopia securitárias das democracias: não existe sistema de segurança, por mais hightech que seja, imune à ataques, pois as pessoas que vivem sob a violência estatal ostensiva e permanente vão reagir por diversos meios, legítimos ou não.

O Estado israelense respondeu com um cerco total à Faixa de Gaza, cortando os suprimentos de alimentos, água, energia e combustíveis, e bombardeando indiscriminadamente a região com ataques aéreos, enquanto prepara uma grande ofensiva terrestre que foi colocada em marcha no dia 28 de outubro, produzindo um montante de mortes e destruição sem precedentes.
Nos primeiros seis dias de conflito mais de 6 mil ataques aéreos a Gaza — uma das regiões com a maior densidade populacional do planeta — atingiram principalmente alvos civis, incluindo hospitais, escolas, prédios residenciais e rotas de saída através das quais parte do povo palestino e cidadãos de diversos países tentavam fugir da área de conflito e dos campos para pessoas refugiadas. Até a conclusão desta edição, um mês após o primeiro ataque, esses bombardeios mataram mais de 10 mil pessoas, incluindo mais de 5.000 crianças, e feriram outras centenas de milhares. Mais de um milhão de pessoas foram forçadas a deixar suas casas e muitas estão desaparecidas sob os escombros de prédios residenciais, escolas, hospitais e universidades bombardeadas por Israel.

Este é apenas o capítulo mais recente de mais de um século de violência colonial genocida contra o povo palestino. O Estado de Israel comprova que não surge como uma resposta, mas uma continuação das práticas de extermínio do Holocausto, já que mobiliza as mesmas tecnologia políticas de contensão, controle e execução perpetradas pela Alemanha nazista, mas contras os povos que habitam a faixa de Gaza e com acréscimo de um militarismo hightech. Mesmo antes os ataques do Hamas em outubro, a política de Apartheid e terrorismo do etno-estado israelense reproduz a mesma lógica dos guetos nazistas tanto na Faixa de Gaza quanto na Cisjordânia, onde o Hamas sequer tem atuação, e colonos e as forças de segurança israelenses praticam torturas, fuzilamentos, sequestros e bombardeios.

Menos de dois anos antes dos ataques do Hamas e da agressão genocida israelense, houve o início da invasão russa e a guerra na Ucrânia. Ambos ressaltam os interesses geopolíticos e militares que atravessam os territórios e trazem ao debate o fantasma de uma nova guerra mundial nuclear. E em ambos, anarquistas e demais movimentos radicais de base ressaltam a importância da solidariedade internacionalista, a autodefesa e a autodeterminação dos povos.

O texto de Uri Gordon aborda as origens socialistas e internacionalistas dos kibutz nos anos 1920, antes da política sionista se materializar em um Estado étnico-nacionalista; as contradições e desafios dentro da luta anarquista e anticapitalista radical em geral ao se envolver no conflito Palestina/Israel junto aos povos; e também aponta para algumas saídas possíveis. Ademais, demonstra que não há saída para o conflito mais significativo de nossa era pela via estatal, confirmando a hipótese histórica dos anarquistas no século XXI. Também contribui para que o debate, que os novos ataques militares de Israel suscitam, saiam do binarismo e possam ser abordados de um perspectivas da diversidade dos povos contra a violência dos Estados.

Baixe, leia, copie, distribua e organize a solidariedade!

Facção Fictícia,
primavera de 2023.


Para saber mais, recomendamos o recente vídeo do coletivo Antimídia:

Do Rio Ao Mar – Uma mensagem pela libertação da Palestina

Lançamento: Revista Tormenta #3 – 2023: “Quem Tem Medo de Junho de 2013?”

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Nossa revista Tormenta retorna para uma terceira edição especial em 2023, com destaque para os 10 anos dos levantes de 2013 pelo Brasil, incluindo os artigos “Por que 2013 agora?” e o “Junho (rastejante) em Belo Horizonte” e uma reedição do nosso artigo sobre os também 10 anos da revolta pelo Parque Gezi e Praça Taksin na Turquia. Além disso, análises sobre o fascismo e as eleições brasileiras de 2022, relatos e entrevistas dos levantes no Peru, na França e dos bloqueios de estradas em São Paulo na luta indígena contra o PL 490.

Baixe o PDF, difunda, imprima, debata na sua comunidade, seus coletivos, movimentos e cumplicidades.

Conteúdo:
  • Por que 2013 agora?
  • Esquerda eleitoral, ações diretas fascistas e resistência antifascista as eleições brasileiras de 2022
  • Isto não é uma insurreição popular
  • A revolta popular no Peru: anarquistas discutem o levante contra a violência policial e o estado de emergência
  • “O governo quer roubar anos de nossas vidas”: as lutas contra a reforma da previdência na França
  • Gezi Park: 10 anos dos levantes na Turquia
  • O junho (rastejante) em Belo Horizonte
  • Das barricadas: relato dos bloqueios contra a PL 490

APRESENTAÇÃO

Neste mês, completam-se 10 anos dos levantes de junho de 2013 no Brasil. Uma onda que começou em Porto Alegre no início do ano com protestos contra o aumento do preço das passagens de ônibus e metrô, se espalhou pelo país em uma revolta popular em escala nacional após os atos em São Paulo contra o aumento da passagem. Uma década depois, as lutas radicais contra os custos e miséria da vida no capitalismo é apresentada pelos partidos de esquerda, a mídia e supostos intelectuais como “a origem da nova extrema-direita” que chegou ao poder em 2018 com Jair Bolsonaro. É lamentável que etejamos aqui hoje tentando contar a história como ela foi, disputando o discurso com negacionismo puro, em vez de estarmos celebrando os protestos com mais atos radicalizados, como fazem no Chile as multidões indo para as ruas todo Primeiro de Maio, todo Día del Joven Combatiente ou todo aniversário do golpe de 1973, mantendo a memória de luta com mais luta.

O Partido dos Trabalhadores nos presenteia com mais uma inovação: pela primeira vez, a esquerda institucional não tenta cooptar e reivindicar uma revolta popular, mas sim associar o protesto de rua e a mobilização autônoma ao fascismo, numa tentativa desonesta de culpar o oprimido pela reação dos opressores. A finalidade dessa tese é simplesmente favorecer uma cultura política que condena a auto-organização e a rebelião, justificando a repressão e a criminalização dos que não se submetem aos ritos democráticos e jurídicos, especialmente movimentos autônomos e anticapitalistas de base.

Uma década depois de lançarmos os primeiros textos desse coletivo editorial, aqui estamos mais uma vez para refletir sobre junho de 2013. Naqueles dias ainda enfumaçados, começamos a escrever e difundir uma análise anárquica e insurrecional diretamente das barricadas, compartilhando e trocando experiências e reflexões com outros indivíduos e grupos organizados em movimentos de luta contra a tarifa, ocupações, coletivos editoriais, tentando entender o solo instável em que pisávamos e nos preparar para os anos turbulentos que viriam. Sabíamos muito bem que era preciso lutar com a mesma – ou maior – força contra o capitalismo quando ele é gerido por um partido de esquerda. Pois as políticas e leis repressivas que eles nos fazem aceitar enquanto estão no poder como algo normal do exercício de gestão, servem apenas para serem aplicadas com ainda maior peso e violência quando a direita volta ao poder.

Estivemos nas ruas lutando e registrando nossas experiências, seja nas lutas contra o aumento da tarifa em 2013, contra os megaeventos como a Copa e as Olimpíadas em 2014, saímos em apoio às ocupações de escolas em 2015, que começaram em reação às reformas neoliberais do então governador tucano Geraldo Alckimin e reprimidas pelo jurista linha-dura Alexandre de Moraes. O primeiro, recém-filiado ao Partido Socialista Brasileiro é transformado em vice-presidente na atual gestão petista e o outro, é nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal. proclamado “herói da democracia” e seu maior defensor. Estivemos também nas lutas contra a austeridade aprofundada pela gestão Temer, nas lutas por moradia e pela terra, por demarcações, contra a eleição de Bolsonaro e, novamente contra a esquerda acovardada, quebrando o pacto do “fique em casa” junto às torcidas e coletivos antifas enquanto fascistas organizavam carreatas e motociatas na pandemia mais letal do século.

Não imaginamos o quão turbulento seria aquele período logo depois percebermos que não saberíamos o que fazer com nossa primeira grande vitória em escala nacional naquele junho de 2013. Dez anos se passaram, e aquele mês vitorioso foi ofuscado por uma década de derrotas. Agora, os que venceram querem enterrar e caluniar nossas lutas, nossas histórias – e nossos mortos.

A ideia de que as jornadas de junho foram a “antessala do golpe” ou o que abriu as portas para a vitória de Bolsonaro não se sustenta nos dados da realidade. O ano de 2013 foi o ano com o maior número de greves desde os anos 1980. Mais de 2 mil greves mobilizaram cerca de 2 milhões de trabalhadoras e trabalhadores, segundo o DIEESE. Logo após junho, mais de 30 Câmaras Municipais foram ocupadas, como em Belo Horizonte [veja o aritgo Junho (rastejante) em Belo Horizonte], ainda no desdobramento das lutas contra o aumento da tarifa dos transportes públicos. A esquerda e os movimentos permanceram ativos e presentes nas ruas. O antipetismo, que não começou em 2013, não se traduziu nas urnas e não foi capaz de nem mesmo barrar uma nova vitória de Dilma nas urnas. Reeleita em 2014, a petista enfrentou os primeiros grandes atos contestando o resultado das urnas eletrônicas organizados pelo opositor Aécio Neves, do PSDB. Ainda assim, foi por vontade própria que Dilma escolheu abandonar a irreal promessa de dar uma “guinada à esquerda” e aplicar políticas de austeridade e cortes sociais mais alinhadas com a do candidato derrotado da direita.

Quem trouxe as serpentes para dentro de casa foram os próprios governos petistas. Além da vice-presidência ser sempre de um membro do PMDB (José de Alencar e Michel Temer), o PT nomeou quadros do PMDB, do PP e políticos fisiológicos centrão para sua base governista e para altos cargos em estatais como a Petrobras. Quando os protestos massivos abalam o sistema e a opinião pública, a direita vem sequestrar pautas e emplacar o chavão de que a “revolta é contra a corrupção”, Dilma topa comprar essa pauta como estratégia de marketing para se blindar perante a opinião pública. Porém, esquece que governantes que não blindam enquanto classe, corporativista e corrupta por definição, são traidores para aqueles que sabem jogar o jogo. Dilma acreditou que poderia se beneficiar dos resultados da operação Lava Jato como se fosse possível alegar que todos são corruptos, menos o seu governo. Quando o lavajatismo avança e empresários e políticos são presos, diretores são demitidos das Estatais, sem a proteção costumeira, essa mesma classe política decide inverter a chave, e se aliam pra dizer que “todos são limpos, menos o PT” e quebrar o pacto até então bem-sucedido.Mas como PT e autocrítica são palavras rivais, é muito mais fácil criticar quem luta para mudar a realidade de fora do sistema político, do que fazer a crítica de suas próprias práticas, ou as dos grupos reacionários – as verdadeiras serpentes – com os quais se aliaram e pelos quais foram mordidos. O movimentos sociais que se recusam a ser governados, esses sim devem ser esmagados, presos, expurgados e apagados dos livros.

Se direita se reorganizou após os levantes de 2013, cooptando e emulando formas autônomas de organização, estéticas e linguagens, não vemos aí nenhuma novidade, do ponto de vista histórico, uma vez que tanto a Primavera dos Povos de 1848, a Comuna de Paris em 1871, a tentativa de Revolução Alemã em 1919, ou mesmo as lutas campesinas nos anos 1960 no Brasil foram seguidas de reações e golpes da classe dominante e conservadora. O fascismo se alimenta da energia de revoluções fracassadas, mas nem por isso o antídoto seria não lutar – pelo contrário, seria lutar mais e melhor! Cabe a nós, radicais, nos reagruparmos para contra-atacar.

Mesmo acumulando tração e conquistando vitórias na última década, a extrema direita brasileira se mostra tão incompetente quanto a estadunidense em governar, e sua “anti-gestão” ainda parece incapaz de entregar a estabilidade que o Capital tanto precisa. Lula retorna prometendo reverter o estrago feito pelo bolsonarismo e entregar a pacificação tão necessária para os negócios. Em menos de seis meses, a nova gestão teve que se aliar e ceder espaços aos mesmos parlamentares de aluguel do centrão e da base bolsonarista. As derrotas no Parlamento para aplicar o Marco Temporal, e que tiram poder do recém-criado Ministério dos Povos Indígenas já indicam que a classe política não vai ajudar Lula a cumprir suas promessas de inclusão feitas às minorias representadas pelos indivíduos que subiram com ele a rampa do palácio no ritual de posse. Ou seja, a nova frente ampla petista já demonstra mais uma vez a antiga tese de que qualquer aliança da esquerda com a direita tente sempre para o conservadorismo.

O primeiro dia de governo é celebrado com um pretensioso “Festival do Futuro”, ironicamente organizado para celebrar uma esquerda que só é capaz de prometer um passado, como um filme de ação em que o protagonista tenta reinterpretar, já na terceira idade, seu sucesso da juventude – sem dublês! O fracasso em amenizar os efeitos da vida no capitalismo agonizante é inveitavel para qualquer governo e apenas uma questão de tempo para Lula – e fascistas estarão mais preparados e armados que da última vez.

Portanto, não há como celebrar como vitória o retorno do partido que nos enfiou goela abaixo aumento vertiginoso do encarceramento, os megaeventos e seus desalojos, Belo Monte e a destruição do meio ambiente e dos povos originários, que enviou as tropas da Força de Segurança Nacional atirar e nos prender, que sancionou uma Lei Antiterrorismo contra os movimentos sociais, e agora nos faz engolir uma aliança com Alckmin, Lira e os demais. Uma vitória por menos de 2% nas urnas é muito mais uma sorte, uma frágil condição favorável, do que uma tranquilidade. O bolsonarismo colocou em movimento paixões fascistas capazes de mobilizar o ódio e a reação nas ruas, nas escolas, nas estradas, no campo, nas instituições e em todo espaço de convívio. E somente o enfrentamento feito por fora da via institucional poderá fazer frente e barrar esse avanço.

Será preciso lutar como em 2013 de novo e de novo, quantas vezes for necessário. Não ajustaremos o nosso tom. Agora, quando o pacto de classes petista se refaz de maneira ainda mais reacionário do que da primeira vez, como uma pausa para respirar enquanto a burguesia, os militares, as milícias e as tradicionais castas políticas não retomam o controle total da máquina, e o maior partido de esquerda do país quer usar o fantasma fascismo para chantagear movimentos sociais e o protesto de rua, reafirmamos nossa postura sem acordo e sem recuo na guerra contra gestores da vida e da morte, sejam da esquerda ou da direita.

Elejam quem quiser. Somos ingovernáveis!

Facção Fictícia,
Outono de 2023.


Leia também:

TORMENTA #2, – 2021

TORMENTA #1, – 2020

Mais sobre o tema:

A Outra Campanha 2022 vem aí!

Hoje, dia 16 de agosto, estão oficialmente lançadas as candidaturas para eleger presidente, governadores, deputados e senadores. Essa promete ser a eleição mais acirrada e dura desde a redemocratização do Brasil, quando o governo com maior participação militar da história ameaça diariamente usar a força para resistir a uma derrota eleitoral, colocando em risco a existência em da democracia representativa como a conhecemos.

Quando protestos e contramanifestações que poderiam minar o apoio popular de Jair Bolsonaro nas ruas foram desencorajados e sabotados pela esquerda institucional e os movimentos sob seu guarda-chuva, as únicas formas de protesto restantes foram cartas gestadas pela elite intelectual e econômica para gentil e tardiamente pedir para que a democracia não seja destruída. A Carta aos Brasileiros e Brasileiras de 2022 emula a Carta aos Brasileiros de 1977, que pedia aos militares que devolvessem o Estado de Direito. Na época, foi lida na Faculdade de Direito de São Paulo por um orador no mínimo suspeito, escolhido pelos escritores da carta: o antigo apoiador do golpe de 1964 e membro da Ação Integralista Brasileira, Gofredo Teles Júnior.

Nesse ano, tanto a carta escrita pelos juristas de São Paulo quanto a escrita pela FIESP, dão o clima de uma suposta “união entre capital e trabalho“, comprovando a tese de que o fascismo atrasa qualquer agenda de esquerda revolucionária, juntando frentes cada vez mais amplas em uma luta para manter tudo como está. Daí segue o risco de um antifascismo que não toma as ruas, que não se propõe combativo e radicalizado, se tornar apenas uma força defendendo abstrações vagas como “liberdade e democracia”, ou uma aliança estagnada que apenas tenta evitar que o capitalismo deixe seus cães de guarda fascistas tomarem a frente do sistema que nunca os eliminou.

Enquanto ainda nos preparamos para possíveis eventos golpistas em setembro e a promessa de tensão e violência nos dias de eleição, lançamos uma edição atualizada do texto base da Outra Campanha e relembramos o vídeo “A Era da Democracia”, com texto e vídeo produzidos pelos coletivos s Antimídia e Facção Fictícia e reunidos no portal A OUTRA CAMPANHA.

Convidamos movimentos, coletivos e qualquer grupo ou indivíduo a reproduzir livremente esses materiais e promover o debate de seus pontos. Apesar das eleições e do voto, e de seus possíveis resultados, a organização de base e radical será necessária para derrotar tanto o fascismo quando o capitalismo como um todo, e não apenas encontrar gestores que pacifiquem as relações de exploração e opressão dentro deles.

Votando ou não, copie e difunda, mas, acima de tudo, se organize para construir um mundo realmente igualitário e livre — um mundo onde caibam muitos mundos!

Zine para baixar e imprimir:
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Vídeo:


Desde o início dos anos 2000, vários movimentos sociais e grupos anticapitalistas atendem ao chamado do Exército Zapatistas de Libertação Nacional e todo o Movimento Zapatista para uma campanha “abaixo e à esquerda” por mudanças radicais. Desde a primeira marcha que percorreu 32 estados mexicanos em 2006, Zapatistas propõem escutar as comunidades e promover valores como o anticapitalismo, o horizontalismo e a igualdade.

Para ler mais:

SOBRE AS ELEIÇÕES: ORGANIZAR-SE – Subcomandante Insurgente Moisés – EZLN.

DA DEMOCRACIA À LIBERDADE – Coletivo CrimethInc.

ANARQUISMO E A FALÊNCIA DA REPRESENTAÇÃO – Camila Jourdan

ANARQUIA FUNCIONA – Peter Geoderloos.

ANARQUIA VIVA! POLÍTICA ANTIAUTORITÁRIA DA PRÁTICA
PARA A TEORIA – Uri Gordon.

BANDEIRA NEGRA: REDISCUTINDO O ANARQUISMO – Felipe Corrêa

ANARQUISMO NO SÉCULO 21 – David Graeber

MANUAL ANTIFA – Mark Bray

PUBLICAÇÃO EM HOMENAGEM À COMPANHEIRA LUISA TOLEDO

Apresentamos uma versão em português do zine que foi publicado no território dominado pelo Estado chileno no dia 29 de março de 2022, no marco do primeiro dia dx jovem combatente após a morte da companheira Luisa Toledo Sepúlveda.

Baixe aqui em pdf


Este ano marca 38 anos do assassinato de Rafael e Eduardo Vergara Toledo, da execução de Paulina Aguirre fora de sua casa e também o dia do sequestro dos professores Manuel Guerrero e José Miguel Parada, que mais tarde foram degolados. É mais um ano de comemoração da luta ativa da juventude combatente, mas ao mesmo tempo não é mais um ano, pois é a primeira comemoração sem a presença física de Luisa. Ao tentar escrever essas letras, a sua memória não deixa de estar presente em nossas mentes, sua força e suas palavras penetram profundamente em nossos corações, porque foi ela, Luisa junto com Manuel, que não desistiu, que resistiu e lutou contra o esquecimento, a indiferença, trilhando seu próprio caminho para fazer justiça através da memória, aquela memória que foi transmitida em cada dia 29 de março, ano após ano, no memorial aos irmãos Vergara, na Villa Francia, na entrega do pão da solidariedade, da fraternidade e do empenho na luta permanente para acabar com essa sociedade podre. Foi Luisa que não nos deixou esquecer dxs jovens combatentes assassinadxs, mas também nos convidou a fazer parte da luta contra toda opressão, nos convidou a perder o medo e nos ensinou a usar a força do ódio para lutar contra nossos inimigos.

A transmissão de sua força por meio de suas sábias palavras em cada atividade, nas universidades, em cada local que a convidou. Cada vez que ele ia abraçar e conter outra mãe que teve umx filhx tiradx pelo Estado, pela polícia ou por qualquer guardião da propriedade, a mãe de Rodrigo Cisterna, de Marco Ariel Antonioletti, Claudia López, Matías Catrileo, Jonny Cariqueo, Sebastián Oversluij, Kevin Garrido, entre muitxs outrxs assassinadxs impunemente por lacaios do sistema Estado/capital.

É o exercício da memória, a nossa memória negra, do sangue dxs nossxs mortxs, das nossas façanhas de não ter nada e dar tudo, é que a nossa história é contada e alimentada e nisso Luisa Toledo foi/é aquela mulher sábia que plantou milhares de sementes rebeldes, que foram regadas com lágrimas de raiva e ódio, mas também com o abrigo de um imenso amor por todos xs jovens combatentes, pelxs encapuchadxs que hoje continuam a nascer em todo o território.

A melhor homenagem da juventude combatente é não esquecer, é o compromisso permanente do qual Luisa falava, “com a força do ódio, de alguma forma atacá-los, mesmo que seja com um cuspe, mas esteja lá e sempre contra eles”

POR TODXS XS JOVENS COMPANHEIRXS ASSASSINADXS,
POR TODXS XS JOVENS SEQUESTRADXS NAS PRISÕES,
POR TODXS XS JOVENS MUTILADXS DURANTE A REVOLTA,
GUERRA SOCIAL CONTRA O ESTADO E O CAPITAL.!