“Um Rio de Montanha Tem Muitas Curvas” traz o essencial sobre a revolução em pleno andamento no território autônomo no norte da Síria, conhecido como agora como Rojava. Nesse território, o povo Curdo tem protagonizado uma organização da vida sem Estado, baseada na igualdade social, de gênero e étnica, desafiando tudo o que conhecemos sobre revolução no século XXI.
São muitos os desafios encontrados e surpreendentes as soluções que essas comunidades tem criado ao decidir viver uma vida autogerida, resistindo à hostilidade histórica de governos vizinhos (Síria, Turquia, Iraque), ao patriarcado, ao imperialismo e ao terrorismo do Estado Islâmico. Alguns paralelos são feitos com lutas como a dos povos Zapatistas em Chiapas, no México, já que os Curdos também são um povo tradicionalmente oprimido que decidiu lutar pela autonomia e por liberar sua região do Capitalismo, do seu Estado e seu patriarcado. Outra referência histórica é a Guerra Civil Espanhola de 1936, onde experiências libertárias levaram o povo a organizar sua vida, as escolas e toda a produção em meio a um conflito armado contra estados hostis à sua liberdade e contra o fascismo que surgia na região.
Diferente da experiência espanhola, a revolução curda não é uma luta predominantemente anarquista, mas conta com uma influência do pensamento e práticas anarquistas na construção de uma luta e uma sociedade sem Estado, sem comandantes e comandados. Mas em ambas, também é impossível não notar o protagonismo feminino, com organizações e exércitos exclusivamente composto por mulheres. A revolução em Rojava já vai deixar marcas permanentes em sua sociedade onde as mulheres se organizaram para combater tanto o patriarcado nas trincheiras quanto o machismo cotidiano.
“Para inspirar nosso trabalho, precisamos escutar aqueles que constroem frágeis e imperfeitos oásis de liberdade. As pessoas que arriscam suas vidas nos escombros de Kobane precisam do nosso apoio não somente por resistirem aos assassinos reacionários e fanáticos que querem matar cada um deles, mas também na tentativa de criar uma sociedade sem Estado baseada nos ideais de liberdade e igualdade. O povo de Rojava decidiu lutar e nós devemos fazer o mesmo.”
Texto escrito por StrangerS in a tangled WilderneSS e originalmente publicado no livro “A Small Key Can Open a Large Door” em 2014. Traduzido para o português e
lançado no livro “Soresa-Rojavaye – Revolução Uma Palavra Feminina” em 2016,
por Comitê de Solidariedade a Resistência Curda – SP e Biblioteca Terra Livre.
Apropriado, livremente editado e publicado nessa edição por Facção Fictícia.
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Para saber mais sobre a revolução em Rojava e a luta do povo Curdo, ver artigos e notícias e saber como apoiar, recomendamos os sites dos comitês de solidariedade no Brasil:
Comitê de Solidariedade à Resistência Popular Curda de São Paulo
Comitê de Solidariedade à Resistência Popular Curda do Rio Grande do Sul
Em inglês:
Sobre anarquistas atuando na revolução em Rojava:
Entrevista com IRPGF (Guerrilha Internacional Popular Revolucionária) — 1
Entrevista com IRPGF (Guerrilha Internacional Popular Revolucionária) — 2
Entrevista com DAF (Ação Revolucionária Anarquista, da Turquia).