Há semanas as ruas do território dominado pelo Estado colombiano estão em efervescência, com paralisação total dos serviços, manifestações de rua, piquetes e barricadas. Uma insurreição tomou a região após o governo de Ivan Duque tentar implementar reformas, sobretudo a tributária, que aumentariam ainda mais a miséria e afetariam sobretudo as classes populares.
Como forma de solidariedade às companheiras e companheiros que estão em luta nas ruas neste momento, enfrentando a polícia e o risco de contágio por COVID-19 para afirmar seu direito à vida, publicamos hoje a primeira parte de “DAS BARRICADAS”, uma série de entrevistas realizadas com individualidades, coletivos e organizações anárquicas de diferentes partes da região colombiana.
Consideramos necessário difundir as análises das próprias pessoas envolvidas na insurreição, não apenas sobre a luta destas últimas semanas, mas levando em conta as recentes lutas dos últimos anos, a configuração das forças envolvidas, o histórico de resistência e da repressão que tenta sufocar as múltiplas formas de vida e de luta.
A seguinte entrevista foi realizada com o Taller la Parresia, compas que partem do uso do grafismo produzido em várias regiões sulamericanas como forma de ação direta e intervenção nos muros da cidade de Medelín, segunda maior cidade ocupada pelo Estado colombiano e localizada no Vale de Aburrá.
Abajo, la versión original de la entrevisa en español.
PORTUGUÊS
As notícias que nos chegam aqui indicam que a insurreição que tomou as ruas se iniciou com uma luta contra a reforma tributária que o governo de Ivan Duque tentou implementar. Todavia, consideramos interessante levar em conta o contexto das lutas recentes nos territórios em que as insurreições acontecem, principalmente porque há menos de 2 anos as cidades colombianas já haviam sido local de manifestações multitudinárias e intensas. Sendo assim, gostaríamos que vocês comentassem um pouco sobre o processo de lutas que está ocorrendo no momento no território dominado pelo Estado colombiano e qual a relação com as lutas que antecederam esse momento.
Sim, como vocês comentaram, é um acumulado e não só nosso, mas de todo o povo e de nossxs amigxs na América latina. Vivemos o 2013 no Rio de Janeiro, seguimos as jornadas de nossxs amigxs em Santiago e Valparaíso, estivemos atentxs ao que acontecia em La Paz e em Quito. Tudo isso nos deixou em choque em cada momento.
Além disso, a execução de Marielle Franco, a de Santiago Maldonado, Bertha Cáceres, os 43 de Ayotzinapa e tantxs ex-combatentes que apostaram no processo de paz colombiano, xs líderes sociais, xs milhares de detidxs e desaparecidxs políticos e a todas as pessoas que sofrem o drama do deslocamento/migração venezuelana e mesoamericana.
Porem, para nós tudo se torna mais intenso com a necropolítica do Estado. Seguimos o caso das execuções extrajudiciais, chamados falsos positivos, jovens passados como guerrilheiros mortos em um combate que causou milhares de desaparecidos e execuções seletivas por parte dos militares para dar conta ao financiamento dos EUA. Também o desastre da represa que sequestrou o rio Cauca e a inundação das terras do cânion com centenas de fossas comuns, chamada Hidroituango.
Tudo tem sido muito intenso já há alguns anos, pois o Estado colombiano é uma máfia e se organiza como tal para exterminar seu povo e toda forma de organização e de vida. Além de ter super organizado suas frentes paramilitares e todo o assunto da produção e circulação de cocaína que agora se sabe que está a mando dos cartéis mexicanos.
Em novembro de 2019 nos somamos às jornadas de luta no Chile, em La Paz e Quito, e estranhamos que vocês, em suas cidades, não tenham feito isso. Nos moveu muito essas barricadas que apareceram nas cidades andinas e mesmo em Medelín, onde quase os Andes terminam ou entre os Andes.
Fomos documentando todo o processo insurrecional – o mapeamos e o narramos – porque pensamos que as lutas e nossas ações vão mais além do que esta prisão chamada pátria. Essa foi uma resenha das jornadas de novembro e dezembro de 2019 em Medelín e esta é a forma de confronto que se apresenta com o esquadrão de choque. Outra coisa a comentar é que igual a vocês [no Brasil], nós vivemos uma ocupação militar do território e isso nos expõe muito e faz que a luta seja muito complicada pelo medo e pela capacidade do Estado de exterminar as pessoas que se envolvem nesse processo.
O território conhecido como América do Sul possui um histórico bastante intenso de revoltas. Na última década, foram várias… podemos lembrar, por exemplo, da insurreição que tomou as ruas das cidades brasileiras em junho de 2013 ou do “estallido social” que se evidenciou no território chileno em outubro de 2019. Apesar de suas diferenças entre as forças envolvidas e dos efeitos produzidos, em geral diziam respeito a uma luta contra o aumento no custo de vida, o que significa diretamente uma luta pela vida e contra a miséria produzida pelo capitalismo e pelo Estado. E nos parece que a revolta que esta ocorrendo no momento no território colombiano tem algumas características em comum. Como vocês analisam essa relação?
Sim, há muita fome, muita miséria descarada e as pessoas já não aguentam mais isso. Isso fez com que muita gente se somasse ao trabalho de denúncia, que outros colocassem o corpo para enfrentar o esquadrão anti-distúrbios e a polícia. E as comunidades indígenas, camponesas e negras enfrentassem os militares. Por isso nos dedicamos a analisar o processo de insurreição confrontando com o processo de devastação da América Latina para entender essas táticas, as formas de permanência no espaço urbano e as formas de fazer as denúncias, não apenas localizadas, mas falando axs companheirxs latinoamericanxs.
Muitas causas e questões comuns nos atravessam, a migração/deslocamento, os massacres, o processo de devastação e o extrativismo, as gentrificações, por alguma razão nos separaram, mas nessas mesmas fissuras conseguimos nos conectar, nos conhecer e nos afetar por tudo aquilo que sentimos ser parte de nossa aposta de permanência no território e sobretudo na rua.
Vivemos a intensidade das jornadas de junho no Rio de Janeiro em 2013, voltamos para as olimpíadas e descemos por Montevidéu e Buenos Aires, conhecendo tudo o que estava passando. Quando voltamos para a Colômbia vimos como se negava a possibilidade das pessoas envolvidas na guerrilha de entrarem em um processo de paz e como se tomava de assalto o Estado brasileiro e colombiano. Toda essa experiência nestes acontecimentos nos levou a compreender as coisas de uma forma diferente e que nos mantivéssemos atentos ao que ocorre.
Tudo isso nos levou a buscar no gráfico latino-americano um lugar para narrar e apresentar as denúncias nas ruas e assim temos feito desde 2019 e isso tem servido para nos organizarmos, termos uma disciplina e criar certas formas de consensos para permanecermos juntxs.
A pandemia do Covid-19 tem afetado sobretudo as classes populares tanto em relação a morte por contágio quanto pelo aumento da miséria e piora nas condições de vida. Ao mesmo tempo, em algumas regiões a pandemia e o risco de infecção tem esvaziado as ruas e, de certo modo, funcionado como uma barreira para as mobilizações de rua multitudinárias. Como vocês analisam essa relação, já que a reforma tributária de Duque, por exemplo, afetaria diretamente o sistema de saúde colombiano?
Isso é brutal, como a pandemia tirou tudo que estava escondido e por fim as pessoas sentiram na verdade o que estava acontecendo. Agora não penso tanto no vírus, ainda que siga aí e os contágios e as mortes aumentem, basta ver o que passa com vocês, essa aparição das covas em São Paulo e em Manaus.
E sim, a rua se esvaziou, mas aqui em Medellín foi por uns 3 meses, depois vieram manifestações contra a brutalidade policial que nunca tinham sido vistas antes, o centro era uma barricada e lembrava quando muitos jovens saiam dos quebradas como quando desciam da Rocinha ou das manifestações na Avenida Presidente Vargas, o Rio de Janeiro.
Quando a saúde é um negócio. As vacinas, os tratamentos, as formas de hospitalização, é tudo brutal. Por outro lado tem se explorado o cuidado coletivo e as formas de nos mantermos fortes quanto ao que acontece e afeta nosso corpo.
Agora o Estado colombiano está tirando a saúde pública das classes populares e vão deixá-las sem o serviço de saúde. Está sendo gerado um processo de eugenia e somente sobreviverão aqueles que sejam mais conscientes de seu corpo e tenham a possibilidade de se cuidar.
Este processo de desmonte da saúde pública e da educação está deixando para todas as pessoas problemas muito grandes e muito urgentes de serem atendidos. Por um lado, me parece importante que tenhamos em conta esses processos e os atendamos por conta própria, mas pensando nas classes populares é interessante como têm se voltado para as formas comunitárias de como começaram os bairros; os cultivos, as autoconstruções, as formas de encontro na rua, isso parecia ter sido exterminado, mas começamos a ver que a memória retorna.
Nos chegam vários vídeos e imagens do terrorismo de Estado com assassinatos, torturas e outras formas de agressão por parte da polícia colombiana. Sabemos que isso não é um fato isolado, pois esta é uma ação regular de todos os Estados, sobretudo quando uma mobilização ataca a ordem e a paz dos ricos. Como se estrutura a policia colombiana e como tem sido o histórico de repressão policial às manifestações?
O Esquadrão Antidistúrbios (ESMAD) é uma coisa brutal. Estão muito mais equipado que o choque de ordem, que a Gendarmeria e os Carabineiros. É uma mistura de robocop e batman, e tem uma letalidade brutal. O enfrentamento com eles é quase impossível, mas quando se vê os jovens parados frente a eles, se pensa muito no que se tornou esta luta, uma coisa de desespero absoluto. Além disso, agora com os tanques que os acompanham e foram comprados durante a pandemia, se chamam de Venom e tem um disparador de mais de 24 tiros de todos os tipos de balas recalsadas, granadas de atordoamento (N.T.: conhecidas no Brasil como bombas de efeito moral) e cargas tanto dissuasivas (armamento menos letal) quanto letais.
A polícia está formada por vários organismos, a SIJIN (Seccional de Investigación Judicial) – que são verdadeiros assassinos muitas vezes a paisana, devem estar agora montando uma tremenda perseguição; a polícia de verde; e outra que apoia os antidistúrbios. Isso é algo muito brutal, apoiando as frentes paramilitares fortemente armados, como se pode ver na cidade de Cali há alguns dias.
Já levamos mais de 20 anos com a ESMAD e temos exigido seu desmonte. Somente após 16 anos, agora, condenam um deles por assassinar Nicolas Neira, um jovem anarquista de 15 anos morto em Bogotá.
No momento se conta mais de 40 mortos nesta jornada, alguns assassinados pela ESMAD, outros por paramilitares e policiais. E algo do que não se tem falado é das pessoas desaparecidas, já são mais de 1000 e isso frente ao acumulado da guerra na Colômbia, na qual chegam a milhares. Medelín e Antioquia são as mais afetadas por esse flagelo.
Existe algum debate sobre a autodefesa nas ruas? Existe algum debate dos movimentos e coletivos em relação a abolição da policia, por exemplo?
A palavra autodefesa não é utilizada porque para nosso contexto é parte do que propõem os grupos paramilitares de organização e enfrentamento às guerrilhas e ao povo organizado. Não saberia dizer qual é o tipo de debate, se fala muito dos cuidados e da organização em Minga, que propõem os indígenas de Cauca, que envolve trabalho coletivo e organização horizontal e proteção.
E sim, sobre o assunto policial/militar há muito debate há muitos anos. A campanha pelo desmonte da ESMAD e tantas outras contra o terror de Estado. De fato tudo isso junto com a JEP ( J_uridisccion Especial de Paz_) e a comissão da verdade que foram abertas com o processo de paz. Agora, como o que muda na situação atual? Que a guerra entrou nas cidades entrou nas cidades, querem nos levar a um cenário de guerra civil.
Há muitos anos trabalhamos em questões antimilitaristas, contra a ocupação militar, então tudo isso que vimos nos Estados Unidos com George Floyd, o que passa no México com os desaparecidos e os narcotraficantes, no Brasil com as milícias e as chacinas, nos atravessa por aqui e nos toca…
Por fim, nos interessa muito as diferentes expressões do anarquismo na região conhecida como América do Sul. Portanto, gostaríamos que vocês falassem um pouco sobre as forças envolvidas nas lutas anárquicas da região colombiana.
O anarquismo já nos acompanha há alguns anos e cada vez mais surgem pessoas afins à causa anárquica. É muito bonito ver isso na Colômbia, pois não temos uma tradição de anarquistas. Também temos mudado muito por conta da guerra, então cada vez mais nos inteiramos do que passa com nossxs irmãxs, estar como no meio do caminho entre São Paulo e São Francisco, na Califórnia, nos permite um intercâmbio muito interessante. Bogotá é uma cidade que tem uma expansão do anarquismo muito interessante de acompanhar. De qual forças se poderia falar? A feminista é muito forte, também a luta ecológica tem tomado muita força. E bem… vemos que proliferam muito agora as ações diretas de arte urbana, um movimento muito ativo de denúncia, além dos indígenas de Cauca e os processos de liberação da mãe terra, as organizações negras e camponesas. Em todo o que temos semeado com todxs xs companheirxs que passaram por aqui e se solidarizaram com as comunidades e coletivos neste território. A luta anárquica pode se encontrar de muitas maneiras muito bonitas de experimentar.
Agora sobre as armas? Para nós isso é muito complicado de abordar. Recentemente um amigx da Flor do Asfalto, uma ocupação na região portuária do Rio de Janeiro onde conhecemos nossxs companheirxs, me falava do cenário de guerra civil que está ocorrendo agora na Birmânia e isso já acontece com nós em apenas 15 dias do último levante.
Por outro lado, essas gerações se formaram com a resiliência – e como analisa o Núcleo de Sociabilidade Libertária (NUSOL) em São Paulo, isso pode ser uma deriva ao fascismo –, outros como nós nas lutas antimilitaristas e na resistência cultural, onde aprendemos e não tenderíamos como nos posicionar de outro modo. Penso que temos vindo fazendo já ha muitos anos. Vamos ver como se desencadeiam os acontecimentos. Por agora se está vendo muito apoio internacionalista, também muitos migrantes colombianos agitando e denunciando, então o importante é não ficarmos sozinhxs.
Há dois dias estava ocorrendo um bloqueio de uma via nacional, chegavam gente de todos os povos do oriente, de Antioquia, do departamento de Medelín… e houve shows, queima de pneus, cozinha comunitária e montamos uma oficina de serigrafia. Então algo passou para que a gente consiga fazer isso, amanhã voltam as manifestações e assim estamos…
PARA SABER MAIS:
Colômbia Perdeu o Medo – A Revolta Segue em Todo o País Enfrentando a Violência de Estado
Video: Revolta e repressão na Colombia, por coletivos Antimídia e Submedia
EN ESPAÑOL
Las noticias que nos llegan indican que la insurrección que tomó las calles comenzó con una lucha contra la reforma tributaria que el gobierno de Iván Duque intentó aplicar . Sin embargo, nos parece interesante tener en cuenta el contexto de las recientes luchas en los territorios donde se producen las insurrecciones, sobre todo porque hace menos de dos años las ciudades colombianas ya habían sido escenario de masivas e intensas manifestaciones. Por lo tanto, nos gustaría que comentaras un poco sobre el proceso de luchas que se está dando actualmente en el territorio dominado por el Estado colombiano y cuál es la relación con las luchas que precedieron a este momento.
Si como comenta ustedes es un acumulado, y no solo nuestro sino con todo el pueblo y nuestrxs amigxs en america latina, vivimos el 2013 en Rio de Janeiro, seguimxs las jornadas de nuestrxs amigxs en chile y valparaiso, estubimos al tanto de lo que acontecia en el alto en la paz, y en quito. todo nos puso en schock en cada momento.
Ademas la ejecucion de Marielle, la de Santiago, Bertha, los 43 de ayotzinapa y tantos excombatientes que le apostaron al proceso de paz en colombia, los lideres sociales, a los miles de detenidos y desaparecidos politicos y a todos que han sufrido el drama del desplazamiento/migracion venezolana y la mesoamericana.
Pero para nosotros todo se vuelve mas intenso con la necropolitica de este estado, hemos seguido el caso de las ejecuciones extrajuciales, llamados falsos positivos, jovenes pasados como guerrilleros muertos en combate que causo miles de desaparecidos y ejecuciones selectivas por parte de los militares para rendirles cuentas al financiamiento de EEUU. Ademas el desastre de la represa que secuestro del rio cauca y en su llenado cubrio las tierras del cañon con cientos de fosas comunes, llamada hidroituango.
Todo ha sido muy intenso de hace unos dos años para la fecha, pues el estado colombiano es una mafia y se organiza como tal para exterminar al pueblo, y toda forma de organizacion y de vida. Ademas de tener super organizado sus frentes paramilitares y todo el asunto del la produccion y circulacion de la cocaina que ahora se sabe que esta al mando de los carteles mexicanos.
En 2019 en noviembre nos sumamos y extrañamos que ustedes en sus ciudades no, a las jornadas en chile, la paz y quito, nos movio mucho estas barricadas que aparecian en las ciudades andinas, y mismo desde medellin, casi donde terminan los andes o entre los andes.
Fuimos documentando todo este proceso insurrecional :: y lo mapeamos y lo narramos :: porque pensamos que que las luchas nuestras acciones van mas alla de esta carcel q nos montaron como la patria.
Esta fue una reseña de las jornadas de noviembre y diciembre del 2019 en Medellin :: y esta la forma de confrontacion que se presenta con el escuadron antidisturbios;
Algo a reseñar es que igual que ustedes vivimos una ocupacion militar del territorio y esto nos expone demasiado y hace que la lucha muy complicada de llevar, por el miedo y la capacidad del estado de exterminar a los que involucran en este proceso.
El territorio conocido como Sudamérica tiene una historia muy intensa de revueltas. En la última década ha habido varias… podemos recordar, por ejemplo, la insurrección que tomó las calles de las ciudades brasileñas en junio de 2013 o el llamado estallido social que se hizo evidente en territorio chileno en octubre de 2019. A pesar de sus diferencias entre las fuerzas implicadas y los efectos producidos, en general se trataba de una lucha contra el aumento del coste de la vida, lo que significa directamente una lucha por la vida y contra la miseria producida por el capitalismo y el Estado. Y nos parece que la revuelta que se está ocurriendo actualmente en territorio colombiano tiene algunas características en común. ¿Cómo analizan esta relación?
Si, hay mucha hambre, mucha miseria asi descarada y la gente no aguanta mas esto, esto ha hecho que mucha gente se sume al trabajo de denuncia, otros pongan el cuerpo para enfrentar al escuadron antidisturbios, y a la policia. y las comunidades indigenas, campesinas, y negras a los militares. por eso nos hemos dedicado a analizar el proceso de insurreccion confrontado con el proceso de devastación de america latina para entender las tacticas, las formas de permanencia en el espacio urbano y las formas de hacer las denuncias, no solo localizadas sino hablandole a los compañerxs latinoamericanxs.
Nos atraviesan muchas causas y cuestiones comunes, la migracion/Desplazamiento, las masacres, el proceso de devastacion y el extractivismo, las gentrificaciones, por alguna razon nos han separado pero en esas mismas fisuras hemos logrado conectarnos, conocernos y afectarnos por todo aquello que sentimos que es parte de nuestra apuesta de permanencia en el territorio y sobre todo la calle.
Vivimos la intencidad de las jornadas de junio en Rio en 2013, volvimos para las olimpiadas, y bajamos por montevideo y buenos aires, conociendo todo lo que estaba pasando, cuando volvimos a colombia vimos como se le negaba la posibilidad a los guerrilleros de entrar en un proceso de paz, y como se tomaba por asalto el estado brasilero y el colombiano, toda esta experiencia en estos acontecimientos ha llevado a que nos comprendamos de una forma diferente y que nos mantengamos atentos a lo que acontece.
Todo esto nos llevo a buscar en la grafica latinoamericana un lugar comun para narrar y presentar las denuncias en la calle, y asi lo hemos venido haciendo desde el 2019 :: https://caosdisfuncional.medium.com/del-miedo-en-el-meme-al-cartel-en-la-calle-un-virus-que-expande-en-el-valle-de-aburr%C3%A1-9b822626ec11 y esto nos ha servido para organizarnos, tener una disciplina y a crear cierta forma de consensos para permanecer juntxs. https://www.instagram.com/tallerlaparresia/
La pandemia de Covid-19 ha afectado, sobre todo, a las clases populares tanto por el número de muertes como por el aumento de la miseria y el empeoramiento de las condiciones de vida. Al mismo tiempo, el riesgo de infección ha vaciado las calles en algunas regiones y ha actuado como una barrera para las grandes movilizaciones callejeras. ¿Cómo analiza esta relación, ya que una de las reformas que Duque pretende implementar afectaría directamente al sistema de salud colombiano?
Eso es brutal, como la pandemia saco todo lo que estaba escondido y porfin la gente sintio en verdad que estaba aconteciendo. Ahora no pienso tanto en el virus, aunque sigue ahi y los contagios y las muertes aumentan, solo es ver lo que les pasa a ustedes, esa aparicion de las fosas en SP y en Manaus.
y si la calle se vació, mas aca en medellin fue por unos 3 meses, despues vinieron unas protestas contra la brutalidad policial para septiembre del 2020 que nunca antes se habia visto, el centro era una barricada, y recordaba mucho los jovenes saliendo de los barrios como cuando bajaban de la Rocinha o las manifestaciones en la avenida presidente Vargas en Rio.
En cuanto a la salud, es un negocio, las vacunas, los tratamientos, las formas de hospitalizacion. es brutal todo esto. por otro lado se ha explorado el cuidado colectivo, y las formas de mantenernos fuertes en lo q acontece y nos afecta al cuerpo; https://caosdisfuncional.hotglue.me/
Ahora el estado colombiano esta sacando la salud publica a las clases popularles, y los va dejar sin el servicio de salud, se esta generando todo un proceso de eugenesia, y solo sobreviveran aquellos que sean mas concientes de su cuerpo y tengan la posibilidad de cuidarlo.
Este proceso de desmantelamiento de la salud publica y la educacion esta dejando para todos unos problemas muy grandes y muy urgentes de atender, por un lado se me hace importante que tomemos estos procesos y los atendamos por cuenta propia, mas pensando en las clases populares es interesante como se han vuelto a las formas comunitarias de como empezaron los barrios; los cultivos, las autoconstrucciones, las formas de encuentro en la calle, esto parecia exterminado, mas empezamos a ver que esta memoria vuelve.
Hemos recibido varios videos e imágenes de terrorismo de Estado con asesinatos, torturas y otras formas de agresión por parte de la policía colombiana. Sabemos que no se trata de un hecho aislado, ya que es una acción habitual de todos los Estados, especialmente cuando una movilización ataca el orden y la paz de los ricos. ¿Cómo está estructurada la policía colombiana y cuál ha sido la historia de la represión policial contra las manifestaciones?
El escuadron antidisturbios ESMAD es una cosa brutal, estan mucho mas equipados que el choque de ordem, que la guendarmeria y los carabineros, es una mezcla de robocop y batman, y tienen una letalidad brutal, el enfrentamiento con ellos es casi imposible mas cuando uno ve a los jovenes parados frente a ellos piensa mucho en lo que se ha vuelto esta lucha, una cosa ya desesperacion absoluta. Ademas ahora con las tanquetas que los acompañan y que fueron adquiridas en pandemia, se llaman las Venom y tienen un disparador de mas de 24 tiros de todo tipo de balas recalsadas, aturdidoras, y cargas tanto disuasivas y letales.
La policia, esta formada por varios organismos, la sijin que son unos asesinos muchas veces de civil esos deben ahora estar montando tremenda persecusion, la policia de verde, y otra que apoya a los antidistubios, eso es algo muy brutal, apoyando a los frentes paramilitares fuertemente armados, como se puedo ver en la ciudad de cali hace dos dias.
Ya llevamos mas de 20 años con el ESMAD y hemos exgidio su desmonte, apenas ahora 16 años despues condenan a uno de ellos por asesinar a Nicolas Neira un joven anarquista de 15 años en bogota.
Ahora se cuenta mas de 40 muertos en estas jornadas, unos por el ESMAD, otros por paramilitares y policiales. y algo de lo que no hemos hablado es los desaparecidos, ya van llegando a los 1000, y esto frente al acumulado de la guerra en colombia que se cuentan por miles. Medellin y antioquia son los mas afectados por este flajelo (https://caosdisfuncional.medium.com/desaparici%C3%B3n-forzada-en-antioquia-colombia-6a457f765b23).
¿Hay algún debate sobre la autodefensa en las calles? ¿Hay algún debate por parte de los movimientos y colectivos sobre la abolición de la policía, por ejemplo?
La palabra autodefensa no se emplea por que para nuestro contexto es parte de lo que proponen los grupos paramilitares de organizacion y enfrentamiento a las guerrillas y al pueblo organizado. No sabria decir cual es el tipo de debate, se habla mucho de los cuidados y de la organiacion en Minga que proponen los indigenas del Cauca, que involucra trabajo colectivo y organizacion horizontal y proteccion.
y si, acerca del asunto policial/militar si hay mucho debate hace muchos años, la campaña por el desmonte del esmad, y tantas otras contra el terror de estado, de hecho todo esto junto con la JEP, juridisccion especial de paz, y la comision de la verdad que se abrieron del proceso de paz, aunque esto puede fracasar como la experiencia de ustedes con la comision de la verdad, se ha logrado exponer con claridad como es el terror de esta guerra, ahora que cambia la situacion actual? que la guerra entro a la ciudades, nos quieren llevar a un escenario de guerra civil.
Ya hace muchos años trabajamos en las cuestion antimilitarista, en contra de la ocupacion militar, entonces todo esto que vimos en estados unidos con George Floyd, lo que pasa en mexico con los desaparecidos y los narcos, con brasil con las milicias, las chacinas pasa por nosotros aca y nos toca…
Por último, nos interesan mucho las diferentes expresiones del anarquismo en la región conocida como Sudamérica. Así que nos gustaría que hablaras un poco sobre las fuerzas involucradas en las luchas anárquicas en la región colombiana.
El anarquismo ya viene desde hace unos años con nosotrxs, y cada vez mas, muchas gente a fin a la causa anarquica, es muy bonito ver eso en colombia, por que no tenemos una tradicion de anarquistas, tambien hemxs migrado mucho por la guerra, entonces cada vez mas nos enteramxs que pasa con nuestros hermanxs, estar como en la mitad entre san pablo y san francisco en california nos permite un intercambio muy interesante, Bogotá es una ciudad que ha tenido una expancion del anarquismo muy intersante de seguir. De que fuerzas se podrian hablar? la feminista esta muy fuerte, tambien la ecopolitica pienso ha tomado mucha fuerza, y bueno vemos que proliferan mucho ahora las acciones directas del arte urbano, un movimiento de denuncia muy activo, ademas los indigenas del cauca y los procesos de liberacion de la madre tierra, y las mismas organizaciones negras, hasta las campesinas. En todo lo que hemxs sembrado con todxs los compañerxs que han pasado por él y se han solidarizado con las comunidades y colectivos en este territorio. La causa anarquica puede encontrarse de muchas maneras muy bonitas de experimentar.
Ahora acerca de las armas? eso es muy complicado de abordar para nosotrxs. Ahora un amigxs de la flor do asfalto aquella ocupacion en la zona portuaria de Rio donde conocimos a nuestros compañeros, me hablaba del escenario en Birmania de guerra civil como esta acontenciado ahora, y esto ya acontece con nostrxs en apenas casi 15 dias de el ultimo levantamiento.
Por otro lado estas generaciones se formaron con la resiliciencia y como analiza el NuSol en SP esto puede ser una deriva al fascismo, otros como nosotrxs en las causas antimilitaristas y en la resistencia cultural, de ahi aprendimos y no tendriamos otra que posicionar esto, y pienso que lo hemxs venido haciendo hace ya muchos años. Vamos a ver como desencadenan estos acontecimientos, por ahora se esta viendo mucho apoyo internacionalista, tambien muchos colombianos migrantes agitando y denunciando, entonces lo importante es no quedarnos solxs.
Hace dos dias estaba en un bloqueo de via nacional, llegaba gente de todos los pueblos del oriente de antioquia, el departamento de medellin, y hubo concierto, quema de llantas, olla comunitaria, y montamos el taller de serigrafia, Entonces algo ha pasado para podamos hacer todo esto, mañana vuelven las movilizaciones, y asi estamxs…