Em meio a uma crise de saúde global causada pela pandemia do coronavírus, surge a necessidade de voltarmos a atenção para o que realmente importa: autocuidado, laços sociais e comunitários, apoio mútuo, solidariedade e a luta por um mundo onde todas as pessoas são livres e têm acesso aos recursos necessários para uma vida saudável. Isto é, uma casa, assistência médica, alimentação e direito de não trabalhar quando isso coloca em risco a nossa vida e a de todos ao nosso redor.
Ao mesmo tempo, fica nítido que o vírus causador da COVID-19 não é nosso único desafio a ser superado. A pandemia mostra que todo o nosso modelo político e econômico jamais foi projetado para suprir nossas necessidades e garantir nosso bem estar. Políticos e patrões organizam campanhas de seus palácios e saem em carretas protegidos em seus veículos para que voltemos ao trabalho, pois acreditam que o lucro é mais importante que a saúde de nós que, de fato, trabalhamos. Eles sabem que, ao contrariar as recomendações de todos os órgãos de saúde do mundo, seremos nós e nossas famílias que sofrerão as consequências primeiro, ao tomar ônibus lotados, nos aglomerar em locais de trabalho, escolas e, por fim, nas filas dos hospitais e postos de saúde.
Para que não tenhamos que nos sacrificar mais uma vez “pelo bem da economia” que sempre nos tratou como descartáveis, nos obrigando a escolher entre sobreviver em subempregos ou morrer à espera de socorro, dizemos:
o Brasil, definitivamente, vai parar!
A saída para a crise é a solidariedade e o apoio mútuo, jamais a vigilância, a coerção ou a violência policial militar.
Fiquem em casa! Se organize! Não pague aluguel e resista aos despejos!
A revolução no nordeste da Síria prevalecerá, o fascismo será esmagado!
Às 16 horas do dia 9 de outubro, o exército de ocupação turca e seus aliados islamitas começaram sua guerra de agressão há muito preparada contra as áreas libertadas do norte da Síria.
Às quatro horas da tarde em ponto, choveram bombas sobre as pessoas das cidades e vilarejos da fronteira. As milícias jihadistas começaram seu avanço sob a liderança do exército turco e tentaram penetrar na área de fronteira. A Turquia está falando de uma “operação militar” destinada a “proteger a fronteira” e o estabelecimento do chamado “corredor da paz”, mas o fato é que o exército turco e os mercenários islamitas sob seu comando preocupam-se apenas com a ocupação da área inteira povoada principalmente por curdos ao longo da fronteira entre a Turquia e a Síria. O regime em Ancara fala da “luta contra o terrorismo” e enfatiza que sua guerra de agressão não se trata da guerra contra a população civil, mas os bombardeios indiscriminados contra assentamentos civis, saques e deportações em massa de centenas de milhares de pessoas, execuções arbitrárias e o sequestro brutal de centenas de civis mostram uma mensagem diferente. Quanto mais a guerra contra o norte da Síria avança, mais fica claro o que Erdogan realmente quer: a limpeza étnica através da violenta expulsão de milhões de pessoas e da mudança demográfica a longo prazo de toda a região.
No norte da Síria, à sombra da guerra civil síria, um projeto social revolucionário e democrático prosperou nos últimos sete anos, sendo um espinho para as potências e estados imperialistas da região desde o início. As sociedades do nordeste da Síria estabeleceram seu próprio autogoverno e criaram um oásis de paz, baseado na coexistência igual de todos os grupos da população local, na libertação das mulheres, na economia ecológica e na democracia radical. A Federação Democrática do Nordeste da Síria se tornou um exemplo vivo de um futuro pacífico e democrático para o Oriente Médio, além do despotismo local e do domínio estrangeiro. Finalmente, as forças de defesa dos povos do nordeste da Síria, as Forças Democráticas da Síria, conseguiram esmagar os últimos remanescentes do califado turco do Estado Islamico.
Mas não ficaremos de prontidão e testemunharemos em silêncio os massacres que hoje ocorrem aos olhos do mundo. Somente um amplo e resistente movimento anti-guerra irá parar esta agressão. Assim como as pessoas estavam despejando ruas nas ruas contra a Guerra do Vietnã ou a invasão do Iraque pelos EUA em 2003, a consciência da humanidade deve se revoltar hoje em face da barbárie turca no norte da Síria.
Em 1º de novembro de 2014, milhões de pessoas em todo o mundo foram às ruas por um dia para expressar sua solidariedade à heroica resistência de Kobane. Apelamos para que o dia 2 de novembro de 2019 ano seja um dia de resistência global contra a Guerra de Agressão da Turquia, para quebrar a situação normal e paralisar a vida. Participe de ações criativas e diversas de desobediência civil, manifestações e muito mais, e assuma as ruas e espaços públicos. Enquanto a matança continuar, a resistência não deve parar.
A revolução no nordeste da Síria prevalecerá, o fascismo será esmagado!
Fim de ano é, tradicionalmente, a época das Feiras do Livro Anarquista em diversos lugares do Brasil e do mundo. Editoras, coletivos e movimentos se organizam para expor e fazer circular as publicações produzidas ao longo do ano em eventos que reúnem pessoas de diversos lugares para debater, estreitar laços e trocar experiências. Mas, para além das grandes feiras e encontros, é importante sempre poder compartilhar conhecimento, história, notícias e teorias revolucionárias da forma mais ampla e acessível. Seja fisicamente com livros, jornais, zines e panfletos, ou digitalmente para que qualquer pessoa possa ler, compartilhar e reproduzir instantaneamente um conteúdo sem qualquer custo. Para ajudar quem quer distribuir materiais de uma forma estratégica bolamos esse pequeno guia.
Nosso coletivo editorial se espalha e se conecta em rede pelo continente e pelo mundo com a proposta de fazer circular obras impressas, mas também uma versão digital, para que todas possam ler e imprimir em casa, na escola, faculdade ou no trabalho quando o chefe não está vendo.
Dinheiro não será o problema
Dinheiro não deve ser uma barreira para o acesso ao conhecimento. Portanto, se alguém não pode pagar por um livro ou qualquer publicação, tiramos dela capítulos ou reproduzimos obras inteiras e disponibilizamos aqui para que qualquer pessoa possa ler e copiar. Buscamos trabalhar, criar conteúdo e peças gráficas com pessoas que compartilhem dos mesmos princípios de livre acesso para que tudo o que escrevemos, traduzimos ou editamos esteja sempre livre de direitos autorais nem fique presa em uma loja que só se abre se você tiver dinheiro no bolso. No entanto, montamos banquinhas, lojas online e participamos de feiras onde vendemos nossos materiais. E sabemos que muitas pessoas fazem o mesmo com materiais que disponibilizamos. Encaramos isso como uma vaquinha, onde quem pode pagar para apoiar doando ou comprando materiais, custeia a impressão e a circulação de nossas publicações. E quem não pode pagar, tem a chance de pegar cópias gratuitas ou livre acesso do pdf de qualquer publicação que desejar.
Como impulsionar sua distribuidora ou outros projetos:
Distribuir zines e livros revolucionários não é e nem será uma atividade que fazemos buscando apenas um lucro pessoal. Mas é possível que isso seja sustentável e nos permita aprimorar nossos projetos editoriais ou mesmo realizar outros projetos totalmente novos. Por isso encorajamos as pessoas a se apropriarem de todo material digital ou de qualquer cópia impressa que tenha parado em suas mãos: COPIE, REPRODUZA, DIFUNDA!
1.Separe um dinheiro. Não precisa ser muito: com 10 ou 20 reais você consegue montar uma banquinha interessante e atraente.
2.Encontre a copiadora mais barata da cidade, copie o máximo possível de zines, livros e revistas e monte uma banquinha em uma feira, centros sociais, em eventos, sindicatos ou escolas. Não tenha receio de pechinchar, pedir desconto conforme a quantidade de cópias aumentar. Não precisamos explorar quem trabalha fazendo cópias, mas também não precisamos aceitar preços superfaturados.
3.Faça as contas de quanto custou cada publicação. Será o valor da cópia multiplicado pelo numero de páginas. Cada folha A4 tem dois lados a serem copiados! Então calcule o valor de cada publicação individualmente.
Se fizermos um zine de 20 páginas, ele será composto por 5 folhas, e cada folha tem 2 lados. Sendo assim, 10 cópias. Se a cópia custar 0,10 centavos, o custo por cada zine de 20 páginas será de 1,00 real.
4.Quanto cobrar? O que fazemos é normalmente vender um zine pelo dobro do seu preço de custo. Se cada zine custa 1 real, podemos vendê-lo por 2 reais. Assim, o dinheiro que foi investido pode retornar para sua fonte de origem, seja um caixa pessoal, seja empréstimo de um coletivo ou qualquer outro lugar.
5.Reserve o lucro. O dinheiro do lucro, pode ser separado para virar um caixinha ou fundo de reserva sempre que for necessário fazer mais cópias. Ou se a sua ideia não é ter sempre uma banquinha, mas financiar uma outra causa, use os materiais que você reproduziu para vender, tire o preço do custo para retornar a sua origem e use o excedente para alguma outra campanha ou projeto (um protesto, uma obra em uma ocupação, fazer mais cópias, financiar uma publicação, etc.). Nesse caso, planejar com antecedência e participar de feiras ou eventos maiores costuma ter mais retorno. Se for do interesse das pessoas envolvidas e não comprometer sua segurança, deixe claro que o dinheiro das vendas e das doações será revertido para a causa que vocês querem apoiar.
6.Tenha uma caixinha para receber doações. Mesmo que normalmente estejamos em meio a pessoas que, como nós, tem empregos péssimos – ou nenhum emprego –, há sempre uma ou mais pessoas dispostas a ajudar um pouco mais iniciativas relevantes. Então, tenha um espaço e deixe claro que sua banquinha aceita doação para continuar fazendo um bom trabalho.
7.Tenha materiais gratuitos à disposição. Muitas pessoas serão céticas a princípio e não vão querer dar dinheiro para apoiar projetos que ainda não conhecem. E sempre encontramos pessoas que querem comprar materiais informativos e revolucionários, mas não estão com um tostão no bolso. Para ambos os casos é importante ter panfletos e folhetos gratuitos disponíveis para que as pessoas saibam do seu projeto, dos seus princípios ou do assunto que estão tratando na banquinha, como anarquismo, feminismo, antifascismo, libertação animal e todas as causas possíveis.
Faça a contabilidade incluindo os custos de materiais que serão dados de graça. Sejam panfletos que serão sempre gratuitos, ou mesmo publicações maiores como livros ou zines que devem ir para as mãos de pessoas ou grupos que precisam de materiais e não podem pagar por eles no momento.
8.Se organize, planeje, construa com mais pessoas e grupos estimulando solidariedade e apoio mútuo. Uma banquinha, uma loja ou uma distribuidora de materiais subversivos não deve ser um fim em si mesmo, do contrário, é só mais uma pequena empresa individual. Conecte seu projeto a iniciativas revolucionárias maiores e mais amplas. Promova debates, busque aplicar as ideias e os conhecimentos que estão difundindo, leve seus materiais para protestos, ocupações, centros sociais e onde mais estiverem pessoas lutando por transformação social.
Esperamos que essas dicas sejam úteis e vocês possam distribuir os nossos materiais e o de outros coletivos. Tanto para que a informação continue a circular sem nós e que vocês possam impulsionar novos projetos e movimentos revolucionários.