Apontamentos Sobre a Epidemia em Curso

Traduzimos e divulgamos aqui o texto feito no calor do momento pelos companheiros anarquistas de Torino, Itália.

 Publicado originalmente no site Macerie


Apontamentos Sobre a Epidemia em Curso

O texto que segue foi escrito por alguns companheiros, em parte redatores do blog e em parte não, na tentativa de entender como se orientar no meio desta tempestade.

Estes dias, forçadamente fechados em casa, parece-nos uma ótima ocasião para tentar refletir e deixar registradas algumas considerações sobre o que está acontecendo, sobre os possíveis cenários que se abrirão e, enquanto companheiros, em que sentido será o caso de dirigir a nossa atenção.

Os apontamentos que seguem são algumas considerações imediatas sobre as quais tentaremos retornar e continuar a refletir nos próximos tempos, e não têm nenhuma pretensão de exaustividade.

Um esclarecimento inicial sobre as muitas vozes que tendem a minimizar esta epidemia nos parece devido. Não somos médicos nem enfermeiros, mas, na nossa visão, o absurdo de tal posição pode ser contestado no âmbito da teoria revolucionária. Quem se propõe, como objetivo de vida, a mudar radicalmente o presente deveria ser o primeiro a saber que da relação entre Capital e Natureza nascem inevitavelmente tragédias e catástrofes que, ao contrário do que diz a narrativa dominante, não têm nada de “natural”, que não são eventos improváveis, mas que, dependendo do período, eles têm certa frequência, como as crises econômicas. Terremotos em zonas populosas, desertificação, poluição dos lençóis freáticos, alagamentos e epidemias são fenômenos filhos dessa mesma lógica. A epidemia com a qual nos deparamos, com todas as suas especificidades, não nos parece que seja de natureza diferente desta série de catástrofes produzidas pelo regime capitalista. Especificidades que, naturalmente, não são negligenciáveis e sobre as quais valerá a pena debruçar-se no decorrer destas linhas.

AS ORIGENS

A doença se desenvolveu no mercado de Wuhan, capital de Hubei, uma das regiões mais populosas da China. Região que se tornou a fornalha do país: aqui está o coração pulsante feito de reatores químicos e fábricas de cimento que sustentaram o crescimento industrial do gigante asiático. A grande quantidade de material de construção e a formação de engenheiros qualificados de que a região é o berço ampararam todo o período pós-crise de 2008: o Estado chinês, de fato, lançou naqueles anos imponentes projetos infra estruturais e imobiliários.

A assistência médica em toda a China é praticamente inexistente, uma grandíssima quantidade de operários provenientes de outras regiões são ilegais no lugar onde trabalham (pelo diabólico sistema do hukou) e vivem em uma condição de semiclandestinidade e sem nenhuma tutela. É importante sublinhar que esta situação é estrutural e não devida a dureza específica dos governantes em um momento ou outro. Como já evidenciamos em outros escritos, o fim das políticas keynesianas tem, como uma de suas explicações, a diminuição dos ganhos globais, fenômeno acentuado com a recessão que começou em 2008. Um estudo publicado em um interessante artigo do blog Chuang – cuja leitura aconselhamos – evidencia que, na região de Dongguan, caso as empresas tivessem que se responsabilizar pela cobertura médica da própria força de trabalho, perderiam a metade dos lucros e deveriam transferir a produção para outro lugar.

A concentração da população em lugares pouco saudáveis e lotados assim como a impossibilidade de ter acesso a um sistema de saúde decente contribuíram ao famoso salto de espécie do Covid-19. Vários estudos afirmam que as passagens de formas virais de animais para humanos serão, no futuro, sempre mais prováveis e, podemos acrescentar, sempre mais letais.

O CHOQUE

A China, seguida da Itália e agora de vários países, respondeu a esta pandemia colocando em quarentena toda a população. Os efeitos e o impacto sobre as economias nacionais e mundial destas medidas são ainda matéria de debate. Os jornais publicaram imagens impressionantes de satélite com as emissões de CO2, tiradas antes e depois da paralisação da maior parte das atividades na China, das quais é possível obter o dado de que mesmo por “apenas” um mês o gigante asiático ficou quase completamente parado. O que significa o bloqueio da economia que, de fato, tirou o mundo da areia movediça da recessão não está claro.

Com certeza, os bancos centrais chegam a este choque, que muitas pessoas comparam à explosão da bolha dos empréstimos subprime, sem fôlego. Dez anos de liquidez introduzida forçadamente nos mercados nacionais e taxas de juros mantidas constantemente baixas para manter em vida o moribundo sistema financeiro deixam poucas margens de manobras adicionais. Uma confirmação é a reação dos mercados, um tombo histórico para a bolsa de valores de Milão (Piazza Affari) após as palavras que deveriam ter sido asseguradoras e reconfortantes da nova presidente do Banco Central Europeu, Lagarde, em 12 de março.

Certamente é necessário tomar cuidado com à interpretação dos sobressaltos do mundo financeiro que, na maioria dos casos, são resultados de manobras especulativas; mas não nos parece descabido prever que muitas economias nacionais sairão de joelhos destes meses de quarentena: muitas empresas poderão ter que fechar e muitas das quais sobreviverão deverão enfrentar uma profunda reestruturação em vários níveis. Tudo leva a crer que esta crise será a causa, e também a oportunidade, com os tempos devidos, para uma reestruturação da economia no sentido de uma ainda maior automação, e com tudo o que isso implica em termos de emprego, condições de trabalho e concentração de capital.

NA ITÁLIA

Desde o dia 10 de março aqui na Itália vigora uma espécie de toque de recolher. Todas as lojas estão fechadas, funcionando apenas supermercados, tabacarias, lojas de ferramentas, fábricas, serviços essenciais (exemplo: coleta do lixo e transporte público) e pouco mais.

O governo Conte, sustentado pela Europa que está concedendo muito em termos de déficit, vem legislando de modo irrefreado para remendar esta situação de paralisação forçada: o plano é recuperar mais liquidez possível e fazê-la chegar do alto, em cascata, sobre as empresas. Financiamentos especiais, fundo para empréstimos especiais e amortizações parecem ser uma parte da solução. Quase todos concordam que os fundos serão insuficientes. A realidade produtiva italiana é constelada de muitas empresas pequenas e médias cuja baixa rentabilidade desde há, pelo menos, uma década e cujo alto endividamento sugere, como dizíamos, que a consequência à pandemia, em termos de empresas fechadas e vagas de trabalho perdidas, poderia ser violentíssima.

No que diz respeito aos trabalhadores, estão disponibilizando uma série de auxílios sociais: seguro-desemprego por três meses, a suspensão do pagamento de empréstimos e boletos para as pessoas que foram demitidas e suspensão de alguns impostos municipais. Medidas que parecem insuficientes sob múltiplos pontos de vista.

O contexto do trabalho italiano é constituído, em grande parte, por contratos chamados atípicos: para as chamadas “pessoas jurídicas” e os “falsos trabalhadores autônomos”, o governo está trabalhando em um reembolso de apenas quinhentos euros por três meses; qual será o destino de quem tem um contrato de trabalho intermitente ou de quem trabalha completamente sem contrato não é possível saber. Fala-se genericamente de incentivos para aluguéis, mas também neste caso vinculados a quem possa demonstrar ter ficado em casa por conta da crise sanitária. Milhares de trabalhadores estão parados desde o mês de março, sem receber dinheiro, e com despesas que em breve serão insustentáveis.

Um discurso a parte mereceriam aqueles que, por outro lado, são obrigados a trabalhar apesar da emergência sanitária.

Enfermeiros e agentes sanitários são submetidos a grande pressão: uma parte é coagida a cumprir turnos massacrantes enquanto outra, que originariamente trabalhou em alas fechadas de hospitais devido à emergência, agora é posta em licença forçada. Sem contar que, do ponto de vista do controle de gastos, hospitais e cooperativas dispõem de poucas reservas de luvas e máscaras e, muitas vezes, o uso do material é desincentivado ou totalmente proibido.

Os trabalhadores de fábricas ou de setores estratégicos são enviados em campo sem a proteção mínima necessária ou direito a uma indenização contratual. Em um clima particularmente sombrio devido à proibição de aglomeração e, portanto, de greves “ativas”, existem, no entanto, muitos locais de produção onde os trabalhadores decidiram cruzar os braços, de tal modo que os sindicatos foram forçados a pressionar o governo para que haja uma conversa com as partes envolvidas. Após esta reunião, o encerramento das fábricas foi formalizado por alguns dias para permitir a reorganização dos espaços de acordo com o decreto e a compra de proteções individuais para os trabalhadores.

O quadro delineado para o futuro parece particularmente obscuro em um horizonte que vai muito além da contingência do coronavírus. Nos discursos feitos continuamente pelo primeiro ministro Conte, há referências contínuas à unidade nacional, à Itália, que unida, superará este momento. Nada mais falso. É verdade que o vírus está afetando a todos, mas as consequências, tanto de saúde quanto econômicas, serão vividas de maneira diferente: quem acumulou reservas nos últimos anos poderá seguir em frente e quem viveu apenas do seu salário será forçado a fazer enormes sacrifícios. As mortes por Covid-19 poderiam ter uma conotação não só de idade, mas também de classe: a feroz privatização do setor de saúde realizada durante vários anos levou à perda de muitas camas de terapia intensiva e imaginamos que aqueles que podem pagar já estão recorrendo a clínicas privadas e quarentenas mais ou menos douradas, sem falar de todas as outras doenças que, atualmente, não recebem nenhum tratamento, porque a atenção é toda voltada ao coronavírus, a menos que se possa ter acesso a instalações privadas.

Um jogo fundamental o Estado deverá jogar a um nível ideológico. O executivo liderado por Conte, após os erros iniciais, parece ter recuperado a bússola da governabilidade e estas medidas extremas de quarentena, sob modelo chinês, parecem encontrar consenso na população. As medidas econômicas, por mais insuficientes que sejam, serão provavelmente bem-vindas por aqueles que acreditam ter um pouco mais de espaço para respirar. Mas esta ajuda custará caro, difícil, deste ponto de vista, delinear cenários precisos: se a Europa exigirá tudo de volta com juros e uma série de políticas de feroz austeridade e um memorando de lágrimas e sangue, ao estilo grego, por assim dizer, tudo isso recairá sobre a Itália; ou se, por outro lado, esta crise fará com que a Europa vacile definitivamente ao ponto de redesenhar, de modo substancial, seus contornos e equilíbrios.

FACHADAS E ESTEIRAS

Se agora voltamos nossa atenção àqueles companheiros e companheiras que, há tempos, decidiram lutar contra o Estado e o sistema capitalista em que vivemos, não podemos senão que iniciar com uma dura autocrítica: esta crise nos pega despreparados.

Despreparados sob múltiplos pontos de vista, e partiremos, portanto, deles para compreender como tentar remediar a situação ou, quanto menos, recuperar o terreno perdido e entender se teremos capacidade de intervenção quando o descontentamento generalizado se transformar em raiva e depois em ação. Despreparados não apenas por conta dos nossos limites e da nossa incapacidade, mas também devido a um escasso nível de conflito social difundido entre as camadas exploradas da população, que certamente influenciou a possibilidade de intervenção dos companheiros de luta. Dificuldades causadas também pelo trabalho ideológico operado pelo Estado na década seguinte à crise de 2008, da sua capacidade de fazer aceitar condições de exploração sempre mais duras e das medidas repressivas colocadas em ação de tempos em tempos. Tais dificuldades criaram poucas ocasiões de debate e conflito, além de limitarem a osmose entre revolucionários e parte do proletariado disposta a lutar.

Mas, como acontece com frequência, cada crise gera processos de aceleração, tanto nas condições materiais de vida quanto na percepção das pessoas que estão a nosso redor, de modo que somos levados a pensar que nem tudo está perdido… ao contrário. E que devemos arregaçar as mangas antes que seja tarde demais. Primeiro passo e objetivo mínimo a ser perseguido é sair da fase emergencial (se é que podemos falar propriamente de saída) com uma boa compreensão do fenômeno que está se desenrolando e dos desafios que se interpõem.

Também para nós, especificamente em nossa cidade, não foi fácil entender rapidamente o que estava acontecendo. Quão perigoso é este vírus? Como este perigo é ligado às características estruturais do sistema sanitário e do sistema socioeconômico que o sustenta? Como se desenvolverá o fenômeno ao redor? Que medidas tomará o Estado?

Não escondemos que, nas duas primeiras semanas, seguimos os eventos, forçados a rever nossas ideias e a esboçar propostas todos os dias, sem conseguir muito. A reação que depois teve nas prisões perturbou todos os planos, mostrando talvez, em seu ponto mais profundo, nossa inadequação à situação, à capacidade de responder aos eventos e a apoiar o que estava acontecendo.

É indiscutível que os efeitos da epidemia estão estreitamente ligados a uma vida em cidades sempre mais lotadas e a um sistema de saúde voltado cada vez mais a outros objetivos que não ao cuidado das classes exploradas. Que a epidemia exista também é indiscutível. É, no mínimo, ingênuo, ou melhor, irresponsável, realizar um plano de confronto, um discurso ou propostas de luta que não levem em conta o perigo real do contágio. Pensar que podemos dar um panfleto a um senhor de 70 anos que vive ao lado sem as devidas precauções, arriscando contagiá-lo, não é aceitável. Do mesmo modo, pensar em propor uma assembleia no bairro para discutir formas de lidar com os problemas econômicos, sem pensar na especificidade, não apenas jurídica, do momento, seria imprudente.

Obviamente, é também tarefa dos companheiros não ceder à paranoia generalizada e se empenhar em uma análise ponderada e específica dos eventos para transmitir àqueles que estão a nosso redor. Análise que tem suas dificuldades intrínsecas devido à complexidade do fenômeno, que certamente não é assimilável, por exemplo, ao estudo sobre as políticas de habitação popular de uma cidade, ao nível de militarização de uma nação ou aos efeitos danosos de uma grande obra a determinado território. Análise que se torna ainda mais difícil pelo fato de que o detentor de dados e de informações, assim como o proponente das decisões que orientam os critérios (pense, por exemplo, no critério de quantos testes realizar e em quem) é o Estado com seus institutos de pesquisa.

Permitam-nos agora uma breve digressão para tentarmos focalizar o problema. Talvez possamos dizer que no âmbito do debate “de movimento” as leituras e posições são esmagadas em dois polos discursivos. Por um lado, uma tentativa de minimizar, quando não negar, a gravidade da situação, por outro, uma tentativa que opera na lógica da razão do Estado, com sua retórica sobre a emergência a que tudo deve estar subordinado. Uma polarização que vem de longe e, certamente, não é produto da atual epidemia, embora essa só a torne mais óbvia. Uma polarização que diz respeito a uma grande parte da atividade e da produção teórica revolucionária, pelo menos nesta época, e que oscila entre 1) a possibilidade de vislumbrar e tentar enveredar por um caminho autônomo em relação ao sistema capitalista e 2) a exigência de fazer frente a uma série de necessidades pelas quais, enquanto não se realize um processo revolucionário, não é possível prescindir deste sistema. Um contraste, portanto, entre a necessidade de lutar para obter e arrancar, ainda que dentro desta ordem de coisas, aquilo que nos serve para viver da melhor maneira possível e aquilo de tentar compreender, no entanto, quais percursos de autonomia são “construíveis” à medida que as lutas crescem e se difundem. Caminhos de autonomia em que os aspectos materiais e teórico-imaginativos deveriam se entrelaçar e se autoalimentar.

Em geral, ou se tende a ser esmagado pelo polo da necessidade, tornando-se mais realista do rei, e na melhor das hipóteses invocando um “retorno ao passado” em que o welfare state “funcionava melhor”, ou se fala irrefletidamente de autonomia e do desconhecido sem levar minimamente em consideração a esfera da necessidade que, pequeno problema, é aquela graças a qual se pode viver. Assim nos esquecemos que a condição para que possamos chegar a viver em um mundo de livres e iguais é aquela, trivialmente, de poder viver. Uma questão que vem à tona com extrema clareza em uma situação como a atual, em que os problemas tendem a emergir nus e crus, sem o habitual verniz que os revertem, pelo menos neste canto do mundo. A menos que se negue a gravidade sanitária atual ou se hipotetize que, fatalmente, dadas as condições atuais, não há mais nada a fazer senão aceitar morrer de capitalismo – porque é disso que se trataria –, deveríamos nos esforçar para elaborar e sustentar, na prática, um discurso que vise salvaguardar nossa saúde e a de outros, levando em conta as necessidades sanitárias, sem nos deixarmos dominar pela razão do Estado. Compreendemos que esta afirmação parece pouco mais que um slogan, seguramente mais simples de dizer que de fazer, ou mesmo ser refletida em modo adequado. Mas não há nada de simples nesta ordem de problemas, e as dificuldades estruturais que estamos enfrentando devem ser explicitadas e nos acompanhar a cada passo em nossas ações e reflexões. A questão não é, evidentemente, aceitar de alguma forma a razão do Estado com sua lógica emergencial, útil para regular a população, criar obstáculos e se preparar preventivamente ao surgimento de descontentamentos e conflitos, além de ser um importante experimento do qual as autoridades, certamente, tentarão extrair ensinamentos no futuro. Não é necessário prever uma situação distópica, de total normalização das atuais medidas de contenção a partir de depois de amanhã, para entender a gravidade da questão. Por outro lado, é de anteontem, ou melhor, há décadas, que os Estados se esforçam para estudar técnicas de contra insurgência e de gestão militar das crises de vários tipos. Por exemplo, é possível que a contraparte aproveitará esta situação para relançar o 5G (apelando e legitimando-se, ainda que apenas como imaginário, para uma gestão da epidemia ao estilo coreano) ou para aplicar um toque de recolher atenuado em outras situações críticas.

Tal lógica emergencial responde, porém, a uma inegável exigência de conter os contágios e é esta a profunda diferença entre a situação atual e outras situações de emergência social ou de catástrofes ligadas a fenômenos, por assim dizer, naturais. Negligenciar ou minimizar este dado, ou fingir esquecê-lo, certamente não reforçará nossa capacidade de criticar e combater os dispositivos e o processo de autolegitimação realizado pelas autoridades. Seria interessante, por exemplo, ver que crítica podemos fazer a uma estratégia como a do Reino Unido para criar a chamada imunidade de rebanho

A crítica e a oposição ao, assim dito, estado de emergência devem ser, pelo menos, complementares a um discurso e a lutas que consigam colocar no centro do problema as vergonhosas políticas sanitárias, guiadas pela lógica feroz do lucro que, cada vez mais ao longo dos anos e sobretudo agora, tornam a possibilidade de tratamento para aqueles que não dispõem de certos recursos econômicos um luxo extremamente seletivo. Isto certamente não significa reivindicar o papel e a lógica da saúde pública como objetivo final pelo qual se deve lutar, mas a luta para viver livre, repetimos, passa pela possibilidade de viver e as reestruturações no campo da saúde têm sido, e continuam a ser, verdadeiros atos de guerra contra tantas e tantos explorados. Uma carência na possibilidade de tratamento que, em um mundo como o capitalista, estruturalmente hostil a qualquer forma de autonomia, equivale a verdadeiras sentenças de morte, para além do Covid-19. Lutar para expandir estas possibilidades, em paralelo com a construção de um conhecimento e de lógicas diferentes em relação ao sistema de saúde público, representa uma peça fundamental para a perspectiva revolucionária que não quer opor ideologicamente liberdade e necessidade de vida. Como articular propostas concretas é um problema que, seguramente, vai além deste breve texto e, pelo menos no momento, das habilidades e experiências de seus autores. Aprenderemos a fazê-lo, se é que aprenderemos, fazendo-o e pensando criticamente nas lutas que seremos capazes de construir.

Buscar, na medida do possível, analisar corretamente o fenômeno tem repercussões tanto éticas quanto estratégicas: por um lado, não podemos arriscar colocar em perigo outras pessoas e possíveis cúmplices diante do risco de contágio. Nós, companheiros, que já somos poucos e com energia escassa, não podemos adoecer. Não podem adoecer e morrer os nossos possíveis cúmplices… que adoeçam os ricos, os governantes e os patrões, pelo menos. Por outro lado, devemos compreender como a situação irá evoluir e os cenários prováveis.

Seguramente não podemos nos permitir esperar, porque, apesar do mais aproximativo determinismo ou mesmo querendo imaginar uma garantida catástrofe que se posiciona diante de nós, o ponto é como transformar a catástrofe em revolução.

LUTAR… COMO

Retomando o assunto das faltas, não podemos deixar de notar uma lacuna na nossa relação com as e os explorados que vivem ao nosso redor. Algumas coisas que deveriam ser nossa base de intervenção resultam, de antemão, difíceis: criar relações de solidariedade com as pessoas mais afetadas pelos impactos sociais e materiais, evitando algumas imposições idiotas do governo e a dependência em relação ao aparelho de controle estatal; contrastar a narrativa dominante e revelar os efeitos futuros na qualidade de vida; tentar partilhar com os e os proletários imigrantes ferramentas para compreender o fenômeno do vírus e as jogadas do Estado; ajudar a compreender o tipo de repressão executado e como combatê-lo (considerar a extensa aplicação do artigo 650 do código penal italiano). Que as medidas sociais postas em prática serão dirigidas apenas à parte mais remediável da população é certo, mas também a narrativa praticada até o momento denota uma certa seleção diante do próprio contágio: grande parte das e dos imigrantes explorados, que não conhecem bem a língua italiana, têm sérias dificuldades a entender qualquer coisa, nem que seja como usar bem a máscara ou as luvas.

Também aqui, é preciso aproveitar os sinais que uma situação de crise traz consigo e enveredar por este processo de aceleração, tentando encontrar, em breve, com muitas mais pessoas que nossas lutas específicas tenham sido capazes de fazer nos últimos tempos. Deficiências que, talvez, não poderão ser preenchidas inteiramente. Ao mesmo tempo, entender se e como reencontrar aquelas pessoas com as quais dividimos um momento de luta, ou com quem ainda a dividimos. Por exemplo, se as lutas nos centros de detenção para imigrantes não tivessem recuado e se não tivessem tomado os celulares dos “encarcerados”, talvez aquele tivesse sido um outro campo de batalha semelhante às prisões, mas com mais possibilidades de interação.

Se quiséssemos olhar para os desafios que enfrentamos, mesmo com um foco temporal, deveríamos começar a imaginar o que fazer na fase de saída desta emergência sanitária (se e quando haverá), e os impactos sociais que ela trará… ainda mais com a possibilidade de voltar às ruas. Não se moverá uma folha e todos estarão felizes pelo retorno à normalidade ao grito de “RinascItalia” (Renascitália)? Haverá pelo contrário uma catástrofe tal que canalizará uma furiosa raiva coletiva? Iniciarão uma série de conflitos em áreas específicas da sociedade (trabalhadores de restaurantes, da saúde, desempregados, pessoas com doenças agravadas pelo coronavírus, a luta para não pagar os gastos, etc.)? Aqui também recomeçamos pelas falhas.

De forma geral, nas várias zonas da Itália, desenvolvemos, ao longo dos anos, estudos e pesquisas em vários âmbitos que compõem esta sociedade, dedicados à produção e reprodução do sistema capitalista. Muitas vezes com a ideia de extrair qualquer análise que orientasse e iluminasse as propostas de luta e ação. E, no entanto, pelo menos para quem escreve, se a emergência terminasse agora e se criasse, por exemplo, uma concentração de pedidos de exames médicos suspensos, durante a emergência, com o risco de que as pessoas em situações mais urgentes precisem recorrer ao dispendioso sistema de saúde privado, saberíamos frente a qual oficina ir para protestar? Indicar detalhadamente os responsáveis, de décadas e séculos, por esta condição? É necessário preencher estas questões com estudo e observação, mas também com uma troca com os possíveis companheiros que conheceremos. Nós mesmos, de qualquer forma, estamos imersos na sociedade e sofremos a exploração que ela traz consigo. No trabalho, entre os vizinhos do condomínio, amigas e amigos estudantes, familiares fechados nas zonas vermelhas e com lugares na UTI esgotados. Talvez já conheçamos os possíveis companheiros.

Alguns problemas imediatos afetarão in primis a saúde das pessoas e revelarão imediatamente uma questão de classe: o que acontecerá com todas as doenças crônicas que, nesta situação de crise e carência de tratamento, terão se agravado? Que benefícios desfrutará o sistema de saúde privado devido ao desvio de uma parte das visitas atrasadas para suas clínicas a pagamento? Como os trabalhadores da saúde, há tempos obrigados a condições contratuais degradantes e a turnos de trabalho massacrantes, e cuja saída das circunstâncias atuais será muito mais longa, sairão efetivamente dessa crise sanitária?

Acostumados, ao longo dos anos, às pancadas repressivas, às dificuldades do conflito social, ao lado parcial da luta, corremos o risco de perder o impulso imaginativo e utópico. Um impulso que deve ser capaz de desenhar mundos ideais livres do capitalismo, mas lançar o coração além do obstáculo da resignação. E pensar grande.

Um olhar que, para atravessar diretamente o problema, oscila entre a capacidade de ataque e a autogestão das reservas na reprodução da vida em um processo insurrecional, além de suas modalidades organizativas. Porque se consideramos que, na base da crise coronavirus, está o mundo capitalista enquanto tal, se reafirmamos que possibilidades estão surgindo, para muitas pessoas, de conquistar essa consciência através de uma luta dura, então a dimensão é radical.

Nos limitaremos a “incitar” ou apoiar as manifestações de rua e seu nível de conflito, ou vamos, ao mesmo tempo, colocar-nos a questão de como nos virar, de como continuar a cuidar de nós mesmos sem reproduzir o modelo orientado ao lucro, de como usar os terrenos e os espaços agrícolas para produzir alimento? Como poderemos nos defender dos ataques da outra parte contra um território, ainda que parcial, em tumulto? Como dialogar com outros territórios distantes do nosso? Além disso, se cortam a água e a eletricidade de um setor da prisão em rebelião, por que não deveriam fazer o mesmo com todo um bairro?

Aqui a vertigem se insinua com força, melhor refletir mais. Esperamos apenas que estes argumentos parciais possam orientar o debate que está por vir.

Torino, 16 de março de 2020.

A Luta é Pela Vida

[PDF Leitura]
A publicação A Luta é Pela Vida reúne textos escritos por anarquistas em diferentes partes do planeta. Este é um esforço inicial de difusão das análises feitas no calor da situação em que nos encontramos por conta do surgimento e propagação do novo coronavírus, causador da Covid-19. São escritos produzidos em meio ao ronco surdo de uma batalha que travamos pela vida de cada um e não, como Estado vem fazendo, em torno da ideia de vida como ativador de dispositivos de segurança.

Sabemos que os textos não dão conta das especificidades de cada território, mas nosso objetivo ao editá-los é promover as análises que vêm sendo feitas nas últimas semanas para estimular novas publicações, comentário e trocas e sob uma perspectiva anarquista. São notas, sugestões, referências para uma luta em curso que podem inspirar ou auxiliar na busca de saídas.

Ao contrário do que os Estados tentam nos fazer crer, não é por meio do isolamento que vamos conseguir nos cuidar e resistir ao que nos é colocado. E com isso não estamos negando a necessidade de reforçar cuidados temporários na relação entre os corpos para evitar o adoecimento e a transmissão do vírus, e sim que isso não significa assimilarmos a quarentena, a atomização, o silêncio, a interceptação das trocas entre nós. É hora de inventar na luta sem descuidar da orientação ética que baliza nossas ações: a expansão da liberdade e da autogestão.

Tomar o isolamento como a principal maneira para combater a propagação do vírus explicita muito sobre qual situação enfrentamos e quais dispositivos securitários são ativados com os estados de emergência, de urgência, de sítio etc. Somado ao “(auto) cuidado” e a “prevenção”, os Estados tentam romper os laços solidários entre as pessoas, fomentando o medo para instaurar o pânico e o entendimento de que só é possível manter as vidas humanas por meio de uma solução única: uma individualização a ponto de ver em cada pessoa ao redor, um outro, um perigo, um potencial transmissor de uma pandemia.
A utopia governamental de controle total e irrestrito de nossas subjetividades ganha campo por meio de uma retórica de combate ao inimigo comum (i. e. de toda “espécie humana”) e que ao mesmo tempo pode estar habitando, de forma invisível, o corpo de cada indivíduo. Isso produz uma forma de regulação das mortes que é, a um só tempo, o mais genérica possível e extremamente individualizada. Assim atualiza-se e expande-se as funções assassinas do Estado, o seu racismo próprio. Tudo isso guiado pela precisão dos controles algorítmicos. A crise dá novos contornos aos controles biopolíticos e amplifica sua forma assassina, o racismo de Estado.

Desse modo, a responsabilidade passa a ser de cada um e de todos, o dano é pulverizado entre todas as pessoas e simultaneamente socializado. Contudo, no capitalismo, o gozo, o prazer, os benefícios, a bonança, são privados. E quando emergem catástrofes naturais, vírus, quando o uso da terra pelo sistema capitalista se mostra insustentável, insuportável, aparece o discurso de “precisamos cuidar do futuro de todos”, é preciso “socializar a responsabilidade”.

Por isso, entendemos ser necessário a difusão dos textos a seguir, pois trazem relatos de experiências de apoio mútuo, solidariedade e informações sobre autocuidado para nos ajudar a pensar, a partir do contexto de cada localidade, em práticas possíveis para responder à urgência da situação na qual o planeta se encontra.
Abraços solidários, saúde e anarquia!

Anarquistas
no território dominado
pelo Estado brasileiro

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Comunicação: Infraestrutura para ações

Infraestrutura solidária para ações solidárias

Na atual situação de crise pandêmica global, recebemos solicitações de diversos lugares e contextos sobre como é possível se apoiar digitalmente e continuar seu trabalho político. Nos perguntam, por exemplo, como uma reunião, assembleia ou plenária pode ser implementada digitalmente se as pessoas não quiserem / não puderem se reunir em uma sala.
Como um coletivo de tecnologia de esquerda, queremos te ajudar a usar as ferramentas certas, mantendo mínimo padrões de privacidade e segurança. Abaixo estão algumas recomendações específicas para ferramentas que consideramos úteis para processos de trabalhos colaborativos digitais.

Comunicação em tempo real
Chamadas em grupo e videoconferências
As principais ferramentas para reuniões virtuais. Sua comunicação será criptografada e ninguém poderá ouvir, exceto os participantes.
Dicas básicas:
  • Todos os membros devem usar fone de ouvido (para evitar problemas de eco e feedback).
  • Silencie o microfone se você não estiver falando. Há uma opção de “mudo” na ferramenta de conferência.
  • Antes da conferência, 2-3 pessoas devem experimentar a plataforma e se familiarizar.
Plataformas recomendadas:
  • O Jitsi é uma plataforma gratuita para videoconferência e que pode ser usada diretamente no seu navegador. Funciona bem com até 10 a 15 participantes. Recomendamos duas instâncias de coletivos de tecnologia de esquerda.
      ⌲ Jitsi do Autistici / Inventati: https://vc.autistici.org/
      ⌲ Jitsi do Mayfirst: https://meet.mayfirst.org/ 
  • O Mumble permite chamadas em grupo maiores (sem vídeo), mesmo com mais de 100 participantes. Muito recentemente, foi criado um cliente de web para você. Uma melhor qualidade sonora pode ser alcançada com os clientes nativos para todos os principais sistemas operacionais. Toda a informação sobre o serviço Mumble aqui.
  • O Nextcloud Talk permite bate-papo por vídeo e compartilhamento de tela para no máximo 4 participantes. Você precisa de uma conta, mas também pode convidar outras pessoas com um link compartilhado. Toda a informação sobre o nosso serviço Cloud.
       ⌲ Nosso modelo: https://cloud.systemli.org
Mensagens instantâneas e grupos de bate-papo
Messengers para comunicação e coordenação rápidas são sempre importantes de qualquer maneira, mas atualmente são indispensáveis.
  • Signal é o melhor messenger de smartphone para comunicação 1:1 e grupos menores, não-públicos (até 50 participantes). Sempre que possível, use o Signal!
  • Riot.im usa o protocolo federado Matrix e permite grupos (chamados de salas) sem limite de participantes onde a criptografia tem que ser ativada nas preferências. Essas salas podem ser abertas (qualquer pessoa pode entrar) ou fechadas (somente com convite). Sua identidade não precisa estar vinculada ao seu número de telefone ou e-mail, o que é uma grande vantagem em questões de privacidade. Permite troca de arquivos, chamadas de voz e vídeo.
  • Telegam, normalmente, não recomendamos Telegram mas, para grupos grandes e públicos, infelizmente não há outra alternativa recomendável no momento. Muitas iniciativas solidárias de vizinhança estão sendo organizadas atualmente por meio de grupos de Telegram (por exemplo, Kiezkommune ou Corono-Soli-FFM). Nossa recomendação pragmática: use-o somente para esses grupos abertos, esteja ciente de que a comunicação não está protegida e, se possível, use o Telegram client da F-Droid. Pelo menos nele não há rastreadores embutidos para analisar seu comportamento comunicativo.
  • Jabber nosso panela velha que faz comida boa. O Jabber permite discussões 1 por 1 e também em grupos maiores. Você pode se comunicar em diferentes instâncias (isto é, simultaneamente no celular ou no computador com a mesma conta). Há um servidor com registro público e serviço web. Existem programas para todos os sistemas operacionais. Veja toda a informação sobre o serviço Jabber aqui.
    ⌲ Nosso servidor Jabber: https://jabber.systemli.org
Comunicação externa
  • Tickers são adequados para divulgar notícias. Com o nosso ticker, você pode mostrar seu entorno (o bairro, por exemplo) para mantê-lo informado sobre os desenvolvimentos atuais. Uma instância de ticker deve ser solicitada por e-mail. Temos o prazer de disponibilizá-lo em diferentes domínios. Todas as informações sobre o nosso serviço de ticker.
  • Mastodon é uma alternativa gratuita ao Twitter. Podemos recomendar as seguintes instâncias:
     ⌲ A instância dos camaradas holandeses do Wehost: https://social.weho.st/
     ⌲ Do ambiente do Chaos Computer Club (apenas por convite): https://chaos.social/
      
Discussões e armazenamento de conhecimento
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Nota: Esse artigo será atualizado sempre que necessário. Última atualização: 18 de março de 2020.


Mais informações:

Um Guia Anarquista para Sobreviver ao Coronavírus – COVID-19

Tá bom, a epidemia é super assustadora e, por um grande número de razões, você talvez não possa, ou não queira, lidar com a infraestrutura médica – que estará sobrecarregada à beira de um colapso em alguns meses. No entanto, você provavelmente também não quer sucumbir ao vírus apesar disso. Organizamos esse guia como uma tentativa de ajudar pessoas a tomarem controle sobre seu bem-estar e a sobreviverem a esse surto sofrendo o mínimo possível.

por: Four Thieves Vinegar Collective

Aqui vai um spoiler: cuidados médicos são mais simples do que você imagina.

Basicamente você precisa lidar com isso como você lidaria com uma gripe, exceto que deve ser mais vigilante por que ele se espalha mais rapidamente, é mais difícil de “matar” e é mais duro com o seu corpo quando é contraído.

Pronta para levar essa parada à sério? Ok, vamos lá.

De maneira geral, mesmo mantendo uma higiene cautelosa, você também vai querer manter sua saúde em forma e estressar seu sistema imunológico o mínimo possível.


Para continuar se organizando em nível de base, através do apoio-mútuo, solidariedade e ação direta, recomendamos esse outro guia dos nossos camaradas do coletivo CrimethInc..

Como Evitar o Contágio

Higiene

Você pode contrair um vírus ao tocar em coisas que outras pessoas tocaram ou ao respirar gotículas microscópicas do espirro ou da tosse de alguém.

• Esterilize o seu celular nojento. Álcool vai servir. Faça isso toda vez que você chegar à um novo destino, especialmente a um lugar onde vai comer. Considere deixar esse treco em casa, ou ao menos não use-o durante suas refeições. Pergunte à uma microbiologista sobre celulares. Você irá desejar que não tivesse perguntado.

• Lave suas patas. Essa é uma medida chave: o lugar mais provável de pegar germes fresquinhos são suas mãos. Você pega em maçanetas, aperta botões de elevador, lida com dinheiro, cartões de crédito, recibos e assim por diante. Cada vez que chegar em um novo lugar lave suas mãos. Sempre use sabão e esfregue suas mãos por pelo menos 20 segundos, e lave também debaixo de suas unhas. Compre uma escovinha de unhas, é um ótimo investimento. Se você realmente quiser limpar tudo mesmo, considere adquirir clorexidina ou etanol. Fazer uma boa limpeza assim que retornar para casa é uma boa prática. Álcool gel é bom e barato. Se houver um corre-corre nas farmácias e não tiver mais nenhum, você pode encontrar em ferragens ou diretamente em postos de combustível. Não se esqueça de lavar os registros das torneiras também.

• Limpe com álcool os pontos comuns de contato: maçanetas, puxadores de armários e geladeira, interruptores elétricos, registros de torneiras e assim por diante.

• Considere usar luvas cirúrgicas quando estiver na rua e as descarte antes de lavar suas mãos ao chegar no seu destino.

• Não toque no seu rosto enquanto estiver fora. Isso se aplica se você estiver usando luvas ou não. Esse é um hábito difícil de desenvolver, mas se você estiver usando luvas elas funcionam como um bom lembrete. Sete dos nove pontos de entrada do seu corpo estão no seu rosto e suas mãos vão tocar nas coisas enquanto você estiver fora. Não as leve à porta de entrada para suas vísceras.

• Máscaras cirúrgicas não fazem muita diferença. Se alguém está doente, elas podem prevenir que outras pessoas contraiam se a pessoa doente estiver usando uma, mas se você está saudável então a máscara não vai fazer muita coisa. Especialmente se você não as descarta diariamente, nesse caso você só está criando um ambiente quente e úmido para os micróbios e amarrando ele ao seu rosto.

• Considere tomar banhos com mais frequência, se isso não é uma das suas coisas favoritas. Suas mãos não são o único lugar na sua pele por onde os micróbios circulam.

Saúde Geral e Imunidade

Essas dicas são praticamente senso comum, mas é importante escutá-las em caso de termos as esquecido ou nunca tê-las escutado antes.

• Mantenha-se hidratada o melhor que puder. Se você odeia beber água, tente água com gás ou adicione uma bebida eletrolítica em pó ou um aditivo vitamínico e/ou uma espremida de limão.

• Tente beber e fumar menos. Se o seu corpo está usando energia para se curar de uma ressaca ou para metabolizar alcatrão é energia que não vai poder ser usada para sua imunidade.

• Deixe entrar ar fresco em casa; ar parado serve de criadouro de germes. Pó e fumaça estressam o sistema respiratório e diminuem a imunidade.

• Coma alimentos de qualidade. Mesma coisa que já foi dito: se seu coração e fígado estão ocupados processando seu big-Mac duplo, é mais difícil de lidar com o resto das coisas.

• Durma bastante e com qualidade. Sabemos que isso esta começando a parecer com uma mensagem de voz da sua mãe, mas vamos encarar: ela provavelmente está certa em algumas coisas. Falta de sono é outra dessas coisas básicas que podem rapidamente tornar seu sistema imunológico de uma fortaleza num casebre de palha.

• Reduza seu nível de estresse. E isso não significa continuar a andar com pessoas tóxicas e tomar mais drogas para lidar com isso. Pelo contrário, significa autocuidado. Faça as coisas que te fazem feliz e te relaxam. Considere se demitir e abandonar seu marido abusivo. Diga a ele que é pelo bem da ciência.

• Considere tomar um multivitamínico básico; talvez uma vitamina C e Zinco também. Se você realmente sente que precisa de uma turbinada imunológica existem indícios que raiz de astragalus e extrato de tomilho podem ajudar, porém não consenso sobre isso. Existem poucos estudos feitos que determinam a sua eficácia ou não, o que também é o caso de outros medicamentos populares. Faça sua própria pesquisa. Decida por você mesma.

• Evite lugares lotados. Ok, essa é difícil; no transporte público e em empregos onde você deve interagir com o público isso se torna inevitável. Tente manter distância se puder.

• Se você é desse tipo que está evitando pessoas Asiáticas, tem uma técnica faça-você-mesma que vai fazer com que seja impossível que você contraia o vírus: encha um copo de água sanitária e beba em um só gole. Obrigado, seu racista de merda.

“Uma Pandemia não é uma Coleção de Vírus, mas uma Relação Social entre Pessoas, Mediada por Vírus. “

Como Saber se Você Contraiu

Ok, então você foi ótima em evitar as multidões, manteve sua saúde em cima e limpou tudinho com álcool gel e mesmo assim adoeceu. Acontece, é um jogo de probabilidades, não seja dura consigo mesma.

Agora você está preocupada se tem uma gripe simples (o que, por favor perceba, também está circulando num ritmo alarmante, então é bem possível) ou você tem de fato a peste assustadora.

A má noticia: É muito difícil descobrir a menos que você tire amostras e faça o sequenciamento do genoma do vírus. Se tiver um grupo de biohacking na sua área com algumas praticantes com um senso de curiosidade que se sobrepõe ao senso de autopreservação, você pode conseguir que elas façam isso pra você.

A noticia não tão ruim: Não faz tanta diferença. O que é preciso fazer em qualquer um dos dois casos é levá-lo a sério, cuidar de si mesma e não transmitir para outras pessoas.

Quando É Preciso Ceder e Ir Ao Hospital

O objetivo todo era evitar ir ao hospital. Ninguém gosta de ir e lá tratam minorias como lixo, mais um milhão de outras coisas, mas precisamos aceitar que é melhor ter que lidar com tudo isso do que estar mortas. Então, precisamos saber quando passou do ponto em que basta assistir ao Chaves e tomar uma canja de galinha.

Se você tem insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca, ou septicemia, esses são quadros muito difíceis de tratar em casa e sobreviver e você provavelmente deveria ir para um hospital agora mesmo. Uma insuficiência significa que esses órgãos não estão funcionando como deviam, mas esses são quadros reversíveis e não uma sentença de morte.

Esses são os sintomas e sinais que você deve observar para saber se essas coisas estão acontecendo: Insuficiência Respiratória, Insuficiência Cardíaca, Septicemia.

Existem diferentes razões pelas quais a pessoa de quem você está cuidando pode parar de ser capaz encher os pulmões de oxigênio, ou para o seu coração ter problemas, ou ter uma infecção generalizada. Mas você não precisa saber nenhuma delas. Ao invés disso, você pode ficar de olho em indicadores de que esses processos estão começando, para transportar essa pessoa até um hospital. Geralmente há um processo muito complicado com vários equipamentos caros, mas você pode fazer isso de forma muito mais simples e barata com alguns instrumentos básicos. É muito útil ter um termômetro, um medidor de pressão e um oxímetro de pulso. Você não precisa deles, mas eles deixam as coisas mais fáceis. Você pode comprar um oxímetro de pulso na internet por cerca de 50 reais. Você também pode encontrar um medidor de pressão na internet. São um pouco mais caros, tipo 90 reais, mas valem a pena. Termômetros também são baratos na internet. Se alguém está doente, monitore todas as medidas para estabelecer um ponto de referência, e então monitore novamente de manhã e à noite, e sempre que você estiver preocupada. Fique atenta a mudanças. Se as coisas estiverem mudando rapidamente, então é motivo para se preocupar. Nesse caso, observe outros indicadores para determinar se alguma dessas condições críticas estão ocorrendo.

Você pode medir os batimentos com um relógio e com a sua mão. Encontre os batimentos da pessoa no seu pulso, e conte-os por um minuto inteiro. Você deve ter algo entre 60 e 100 batimentos. Se não for o caso, é um sinal de que as coisas não estão muito bem. Se você não possui um termômetro, você pode comparar a testa dela com a sua colocando uma mão em cada. Tente se apegar à memória dessa sensação, pois você quer estar atenta a mudanças. Se puder medir a sua temperatura, ela deve estar entre 36°C e 38°C. Se você estiver medindo a pressão e ela se alterar 20 pontos, não é um bom sinal. Decida com antecedência como você planeja chegar ao hospital (e qual), caso essas coisas comecem a acontecer. Você não quer decidir isso em um momento de crise.

O oxímetro de pulso mede os batimentos cardíacos de uma pessoa e a percentagem de oxigênio em seu sangue. Se a oxigenação do sangue cair abaixo de 90% você precisará de cuidados médicos. Isso dito, se os números estiverem bons, mas alguém estiver tendo muita dificuldade em respirar (mais do que apenas tossir e se sentir mal como nos sentimos quando estamos doentes), é preciso levá-la a um hospital. Se os lábios e/ou pontas dos dedos começarem a ficar cinza e azul, e está se esforçando pra respirar, é sinal de insuficiência respiratória iminente, indiferente dos níveis de oxigenação do sangue. Leve-a ao hospital imediatamente. Outros indicadores disso são: curvar-se para a frente para respirar, não ser capaz de terminar uma frase sem ficar sem ar, ou uma respiração rápida e rasa. Se os sons da respiração parecem muito úmidos, ou como um craquejar, ou se ela tosse um muco rosa e espumoso, é hora de soar o alarme.

Se você está conseguindo manter a pessoa hidratada, mas ela ainda assim acorda com uma enorme dor de cabeça, ou passa o dia todo sem fazer xixi, estes também são maus sinais. Outras duas coisas para cuidar: se alguém está tão sonolenta que quando você a acorda, ela logo cai novamente no sono e você não consegue mantê-la acordada, é um mau sinal. O outro sinal é se alguém parece rabugenta demais. Verifique se ela está mentalmente confusa, mas perguntando coisas como que dia é hoje ou onde ela está. Se você receber respostas estranhas, é hora de tirá-las daí.

Como Cuidar de Alguém Que Está Doente

Ok, vamos dizer que a pessoa ainda não precise ir ao hospital, mas ela ainda está doente e você precisa tratá-la. O que fazer?

Dê um pouco de conforto

Nunca é dizer demais: você está cuidando de um ser humano, e quanto mais você o mantiver relaxado e feliz e se sentindo amado, maiores as chances de recuperação. O sistema límbico sustenta o sistema imunológico. O sistema imunológico de uma pessoa feliz trabalha muito melhor que o de quem não está. Onde está o ursinho de pelúcia dela? Sua naninha? O seu gato? Traga eles!

Lembre-se que apesar do fato da virulência do COVID-19 ser alta, a taxa de mortalidade é baixa. Até agora sua letalidade é de cerca de 3,5%*. É provável que não seja muito diferente de pegar uma gripe forte, ou ficar de ressaca, e a pessoa em questão vai se recuperar.

Tente explicar a ela que a probabilidade de ficar mal por mais de uma semana é muito baixa, para que ela não se estresse e piore a situação.

Mantenha-a aquecida, mas não quente. Forneça a ela suas comidas e lanches saudáveis favoritos, e coloque pra ela assistir os filmes de que ela mais gosta (e se envergonha de gostar), e não tire sarro dela por isso. Sério.

Leia a ela o livro favorito de sua infância. Também não brinque com isso. Traga o seu jogo de tabuleiro favorito, e jogue com ela, mesmo que você deteste. Sim, não reclame.
Lembre a elas de que a sua sobrevivência deixa a revolução mais iminente, e que elas descansarem e permitirem-se ser cuidadas é um ato de guerra política, como Audre Lorde disse.

Se ela realmente quiser beber, faça para ela uma bebida quente, com um destilado, canela, gengibre, ao invés de doses de tequila ou cerveja. Tente não dar muito.
Se ela está desejando um cigarro desesperadamente, arranje pra ela um chiclete/adesivo/rapé, e coloque um pouco entre o seu dedinho do pé e o dedo próximo a ele, isso dará a ela uma dose de nicotina sem sobrecarregar os seus pulmões. Você pode fazer isso nos dois pés se ela precisar de uma dose maior.

Se ela quiser muito maconha, tente dar a ela algo de comer com cannabis ao invés de cigarro de maconha, para que não sobrecarregue os seus pulmões.

Se ela for ter uma crise de abstinência caso não receba sua dose, faça de tudo para ajudar ela a fazer isso de forma segura.

• Esse número é uma aproximação, e está errado em certo grau, pois há um atraso entre a confirmação e a morte, que faz com que o erro seja pra baixo. Entretanto, existem muitas pessoas que o contraem e não relatam aos hospitais e se recuperam bem, o que faria desse número um exagero. Além disso, há evidência de que o governo chinês está encobrindo as mortes pelo COVID-19 chamando-as de morte por “pneumonia”, e não as relatando, o que faz com que o erro seja pra baixo novamente. A China também está usando tecnologia muito lenta e velha para fazer os diagnósticos, e pode somente fazer alguns milhares de testes por dia, então isso também limita os dados. Então existem diversos erros aqui. Isso é só pra dizer que o número não é preciso, mas a taxa de mortalidade está somente na casa da porcentagem de um dígito.

Hidratação

Se você estivesse em um hospital, você estaria recebendo um soro intravenoso, que é o modo mais rápido e eficiente de colocar fluidos dentro do seu corpo. Entretanto, se você vive em alguns países como nos chamados “estados unidos”, isso não está disponível para o público, apesar de ser a maneira mais rápida de hidratar alguém.

Preparar um soro intravenoso não é difícil, se você conseguir uma bolsa e um dispositivo de infusão intravenosa (tem no Mercado Livre). Se você não conseguir, existem formas fáceis de fazer fluidos de reidratação oral que são melhores que Gatorade ou água de coco:
A ideia é pegar água limpa e adicionar alguns sais balanceadores para fazer com que seja mais fácil para a pessoa reter a água. Tente fazer com que tomem pequenos goles com frequência, já que essa é a maneira mais eficiente, tirando o soro intravenoso, de pôr fluídos em uma pessoa.

Pegue água destilada, açúcar ou mel, sal, bicarbonato de sódio e, se você quiser fazer a bebida um pouco mais palatável, um pouco de água de coco, suco de laranja ou banana madura amassada.

Soro em um Copo

• 1 Litro de água engarrafada
• 1/4 colher de chá de sal
• 1/4 colher de chá de bicarbonato de sódio
• 2 colheres de sopa de açúcar ou mel
• Opcional: 1 copo de água de coco / suco de fruta / purê de frutas madura
Comece adicionando o sal, mas se certifique que você não ponha demais. Não deve ser mais salgado do que lágrimas. Então adicione os outros ingredientes.
Três colheres de chá equivalem a uma colher de sopa, se você tiver uma ou outra.
Essas são medidas aproximadas, então não se preocupe tanto. Só garanta que não está salgado demais antes de adicionar o resto.

Mantendo-se Limpa

Tente fazê-las levantar e tomar um banho todos os dias. Troque a roupa de cama enquanto estão no banho, e as dê roupas limpas e confortáveis quando saírem. Essa não é apenas uma questão sanitária, isso também fará com que se sintam melhor em termos de animo. Mais alegre é mais saudável.

Oxigênio

Da mesma forma que com o soro intravenoso, você não pode só entrar numa loja de suprimentos médicos e comprar um tanque de oxigênio, mas existem maneiras de enjambrar um.

Teoricamente você pode usar oxigênio para solda, mas pode ser intimidador instalar os reguladores e tudo mais só você nunca trabalhou com gás comprimido. Se a pessoa de quem você está cuidando está numa situação tão complicada que necessita de oxigênio todo o momento, ela deveria estar em um hospital de qualquer maneira.

NÃO dê antibióticos!

Antibióticos funcionam para matar bactéria. Eles não fazem nada com vírus, você vai sobrecarregar o sistema da pessoa que você está dando e vai fazê-las piorar.
E quanto aquela suposta “cura” vinda da Tailândia? Ou aquela outra coisa que eu escutei falar?

Não há realmente muitos dados sobre nada disso. Parece que a coisa da Tailândia funcionou em um caso, mas isso pode ter sido por sorte. Além disso, outras pessoas em quem experimentaram tiveram reações muito negativas aos medicamentos antivirais (o que não é atípico), então é realmente uma aposta se você decidir tentá-lo. Entretanto não somos aquelas que se afastam da auto-experimentação, aqui estão todos os dados que conseguimos encontrar até esse momento. Com o tempo passando esperançosamente teremos algumas táticas estabelecidas. Se você aprender alguma coisa, por favor entre em contato. Existe também um teste clínico acontecendo na China para o tratamento “tailandês”.

Além disso, tenha em mente que muito provavelmente você não saberá se você tem o coronavírus ou gripe, e tomar altas doses de antivirais pode ter bastante efeitos colaterais. Então decida cuidadosamente onde você acha que está o limite para isso fazer mais mal do que bem. Ao paciente tailandês foi dado Oseltamivir, Lopinavir e Ritonivir
Oseltamivir é vendido sob o nome comercial de Tamiflu, e apenas com prescrição. É um medicamento controverso, e alguns médicos vão se recusar a prescrevê-lo, então se você for procurar vários médicos pra tentar conseguir diversas receitas para obtê-lo, esteja ciente que você talvez precise procurar vários. Mas é um antiviral e teoricamente faz a gripe passar mais rapidamente.

Então tem a questão dos dois medicamentos pra HIV, Lopinavir e Ritonavir. Eles são aprovados, estão no mercado e algumas vezes vem juntos sob o nome comercial de Kaletra. Atualmente a dosagem para casos de HIV é Lopinavir 400mg/Ritonavir 100mg. E ainda não existe dados quanto a doses usadas em casos experimentais, eles apenas dizem “alta dosagem”, então boa sorte no chute. Talvez começando por triplicar a dosagem regular.

As 5 Demandas Inegociáveis para Sobrevivermos Coletivamente à Pandemia.

Algum outro tratamento/cura possível?

Um artigo científico recém lançado mostrando que o Cloroquina e o Remdesivir (código de desenvolvimento GS-5734) matam o vírus em um tubo de ensaio, mas as coisas são mais complicadas no corpo humano. Tendo dito isso, tem uma pessoa que recebeu a combinação dos medicamentos e se recuperou. Isso não significa que ela se recuperou em função disso, mas é sugestivo. Além disso, estão iniciando testes ad hoc com esses medicamentos na China, então parece promissor.

Remdesivir é muito difícil de conseguir. Não está em produção já que ainda não foi aprovado, e não está no mercado. Há uma empresa o fabricando para os teste clínicos na China, mas não está sendo vendido. É uma nova molécula com um estranho formato, então nem mesmo fornecedores químicos comuns vão ter estoque. Potencialmente existem maneiras de conseguir no exterior, mas é uma questão de sorte, já que pode ser difícil saber se o que você está recebendo é a coisa de fato ou ampolas de água. Há também uma versão do GS-441524, que é um ativo, não-pró-fármaco que está disponível apesar de ser caro. Se você está planejando comprar isso, compre enquanto for capaz: os preços estão subindo e os estoques estão se esgotando.

O artigo científico publicado sobre o paciente que pode ter sido curado não fornece informação sobre a dosagem. Menciona, no entanto, que foi dada uma única infusão intravenosa, o que sugere que, se modelado de acordo com o teste de ebola, que a dosagem pode ser tanto uma dosagem baixa de 50mg/kg ou a dose alta de 150 miligramas por kilogramas de massa corporal. Nós estamos especulando que provavelmente tenha sido a dose alta. A dosagem para cloroquina é 300mg base (500mg de sal), dadas uma vez por semana, então provavelmente uma única dose. Para crianças é 5mg/kg.

Cloroquina é usada na prevenção e tratamento da malária, mas o seu uso gerou variedades resistentes. Então se quer conseguir com uma médica alegando que você esteve viajando por uma área com altos índices de malária, você deve pesquisar uma região rica em malária que não mutou para se tornar resistente ao cloroquina. Pesquise no site do Ministério da Saúde se você está pensando em seguir esse caminho.

Cuidem Umas das Outras

Faça o que for possível com o que estiver ao seu alcance, e as chances são de que as coisas vão ficar bem. Lembre-se de buscar ajuda se se tornar perigoso.

Aja! Reaja!
Com amor,
—FTVC

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